Exportações de café somaram US$ 9,23 bilhões em 2022, impulsionadas por projetos da ApexBrasil

Compartilhe:

Brasília – O Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, teve em 2022 recorde em receita com as vendas externas do produto. Segundo o Conselho dos Exportadores do Café do Brasil (Cecafé), o valor alcançado com as exportações do produto foi de US$ 9,23 bilhões, um aumento de 46,9% em relação aos US$ 6,285 bilhões exportados em 2021.

O resultado foi impulsionado pelos projetos setoriais que a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) realiza em parceria com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), o Brazil. The Coffee Nation, e com a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS), o Brazilian Instant Coffee.

As vendas externas das empresas produtoras apoiadas pelo Brazil. The Coffee Nation alcançaram US$ 4,378 bilhões em 2022, representando 47% do total exportado, sendo o maior valor da história do projeto, que atua há 10 anos promovendo o café brasileiro com valor agregado pelo mundo. Já as exportações de café solúvel renderam ao país US$ 700,9 milhões e as indústrias apoiadas pelo projeto Brazilian Instant Coffee, voltado para o segmento de café solúvel, responderam por 65,4% desse total. O valor das vendas alcançou US$ 458 milhões, sendo também o maior atingido pelo projeto setorial, que existe desde 2018.

“Os resultados mostram que os projetos estão cumprindo o objetivo de consolidar, cada vez mais, a imagem do Brasil como um produtor e fornecedor de cafés de alta qualidade, produzidos com sustentabilidade. Isso se dá por meio de diversas ações promocionais que os projetos organizam, garantindo a participação das empresas e indústrias brasileiras, tanto em feiras quanto em eventos de degustação, competições, missões internacionais e outras ações que propiciam a promoção e as vendas dos produtos”, afirma a analista de Negócios Internacionais da Coordenação do Agronegócio da ApexBrasil, Carla Carvalho.

De acordo com o diretor da BSCA e gerente do Brazil. The Coffee Nation, Vinícius Estrela, o principal motivo de se ter atingido valores recordes foi o preço da saca de café, que teve uma valorização no último ano em função de uma quebra de safra em 2021, ocasionada por questões climáticas. Mas, segundo ele, as ações dos projetos foram fundamentais para o sucesso dos resultados. “Das 280 empresas apoiadas pelo Brazil. The Coffee Nation, 75 exportaram e todas elas participaram de ações que realizamos para promover o produto mundo afora”, afirma Estrela.

Dentre as ações de 2022, o projeto promoveu a participação das empresas em 17 feiras internacionais, seis campeonatos mundiais de barismo, concursos de qualidade, leilão virtual, projeto comprador, além de ação de celebração do Dia Mundial do Café, comemorado em 14 de abril, em cooperação com embaixadas e adidos agrícolas de 12 países, entre eles Alemanha, Itália, Chile, Colômbia e Estados Unidos.

Cafés especiais em alta

Além dos cafés comerciais, as empresas apoiadas pelo projeto Brazil. The Coffee Nation produzem e exportam cafés especiais, segmento que está cada vez mais em evidência e que é o foco principal do projeto. “O café brasileiro já é reconhecido pelo mundo, então o objetivo do projeto é mostrar que o Brasil tem aprimorado sua produção e diversificado os perfis do produto”, afirma Estrela. Segundo ele, o Brasil tem mais de 34 regiões produtoras e mais de 200 variedades de cafés especiais, e com isso consegue oferecer ao consumidor experiências e perfis diversos do produto.

Das 60 milhões de sacas produzidas em 2022, um total de 10 milhões foram de cafés especiais. Estes são grãos isentos de impurezas e possuem atributos sensoriais diferenciados que agregam valor ao produto.  Além disso, devem ter rastreabilidade certificada e respeitar critérios de sustentabilidade ambiental, econômica e social em todas as etapas de produção.

A empresa Carmo Coffees, do sul de Minas, por exemplo, é especializada em cafés especiais e participa do Brazil. The Coffee Nation desde o início do projeto. No ano passado, a empresa esteve em feiras nos Estados Unidos, Itália, Coreia do Sul, Japão e Dubai. Hoje, a empresa exporta para 32 países, entre eles Alemanha, Canadá, Suíça, Bélgica e, recentemente, começou a vender para o Kuwait e para o Cazaquistão.

 Segundo o CEO da empresa, Luiz Paulo Dias Pereira Filho, o grande diferencial da Carmo Coffees é, além da produção sustentável e produto de qualidade, o tratamento especial que eles dão a todos os envolvidos no processo. “Tudo nosso é especial. O produto é especial e a relação produtor e cliente é também especial. Cada produtor sabe para quem e por quanto está vendendo, e o cliente sabe exatamente quem produziu, como e onde”, afirma.

Destaque em Dubai

Este ano, o setor de cafés especiais foi destaque dos Pavilhões da ApexBrasil na Gulfood, uma das principais feiras de alimentos e bebidas do mundo, que ocorre entre 20 e 24 de fevereiro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos (EAU). Na programação diária, foram realizadas ativações que levaram o nome de “Barista Experience”, quando cafés especiais de várias regiões do Brasil foram preparados, por uma barista brasileira, para degustações em diferentes métodos.

Vinícius Estrela explica que a diversidade de preparações é a chave nesse mercado. Ele conta que, em Dubai, muitos jovens interessados na bebida estão, além de mais exigentes, criando novos métodos de preparo e também de apresentação. “As cafeterias de lá servem cafés em diferentes taças ao invés de xícaras, por exemplo, isso é algo muito interessante”, conclui. No “Barista Experience”, os cafés especiais brasileiros foram degustados nos métodos prensa francesa, aeropress, v60 e espresso.

Quebrando paradigmas

Segundo o diretor da ABICS e gerente do projeto Brazilian Instant Coffee, Aguinaldo José de Lima, um dos grandes objetivos do projeto é quebrar o paradigma de que o café solúvel tem baixa de qualidade. “Pelo contrário, o café solúvel tem altíssima qualidade, diferentes sabores e, inclusive, finalidades diversas”, explica.

Lima conta que, tanto na gastronomia como na coquetelaria, os cafés solúveis estão sendo bem explorados e isso vem abrindo portas para o produto brasileiro no mundo. Além disso, no Brasil, a sustentabilidade é uma prática garantida e certificada na cadeia produtiva dos cafés solúveis, o que proporciona uma excelente recepção dos estrangeiros.

No ano passado, o Brazilian Instant Coffee deu um grande passo em direção à inovação do mercado cafeeiro quando, na Semana Internacional do Café (SIC), em Belo Horizonte (MG), lançou o Protocolo de Análise Sensorial de Café Solúvel.

Trata-se de uma metodologia inédita no universo dos cafés solúveis que permite categorizar e diferenciar a grande variedade de produtos, permitindo ao consumidor identificar a melhor aplicabilidade do café de acordo com suas características. Um dos objetivos do projeto é disseminar esse Protocolo globalmente.

O Brasil é líder mundial na produção e exportação de café solúvel. Atualmente, há sete indústrias de café solúvel em operação no Brasil, responsáveis por 99,5% da exportação total do País. As quatro indústrias que participam do projeto setorial já exportam e também participam de todas as ações que o projeto promove pelo mundo para disseminar o seu potencial e estimular as vendas do produto.

Em 2022, o Brasil exportou café solúvel para mais de 100 países. Os principais destinos foram os Estados Unidos e os países asiáticos. Com o novo acordo comercial previsto entre o Mercosul e União Europeia, espera-se que o mercado europeu seja mais um destino crescente para os cafés solúveis brasileiros.

(*)  Com informações da ApexBrasil

Tags: