EXCLUSIVO: Parlamentares dos EUA defendem fim do tarifaço contra o café e alertam para perigo da crescente presença da China na ALDa Redação
Brasília – Um grupo de parlamentares integrantes da Bancada Bipartidária do Café no Congresso dos Estados Unidos enviou no último dia 27 de junho uma correspondência ao Representante Comercial do governo Trump, Jamieson Greer, correspondência solicitando a remoção da sobretaxa de 50% que incide sobre as importações de café “para proteger os empregos americanos e garantir a vitalidade contínua de uma indústria que depende quase inteiramente de importações”. Eles pedem a remoção do café do rol “de medidas atuais e futuras” e vêem no café mais um instrumento de soft power usado pela China para ocupar espaços historicamente pertencentes aos EUA nos mercados latino-americanos.
Para justificar a medida os deputados e senadores ressaltam que cada dólar de café importado gera cerca de US$ 432 em valor em toda a cadeia de suprimento e que a indústria de café sustenta cerca de US$ 343 bilhões em produção econômica por ano.
Segundo o documento, ao qual o Comex do Brasil teve acesso com exclusividade, ao contrário de outros produtos afetados por tarifas recentes, “o café não é produzido em escala nos Estados Unidos que possa atender à demanda interna, embora pequenas quantidades de café, predominantemente especial, sejam cultivados no Havaí e em Porto Rico, sua produção combinada representa menos de 1% do consumo de café dos EUA”.
Denominada em inglês de “Congressional Coffee Caucus”, a Bancada do Café é Integrada por deputados e senadores republicanos e democratas de diferentes estados americanos, apresenta números irrefutáveis para reforçar sua defesa firme da remoção das tarifas que praticamente inviabilizam a entrada do café brasileiro nos Estados Unidos.
Os parlamentares do bloco bipartidário se baseiam em dados verdadeiramente impressionantes: “62% dos adultos americanos bebem café todos os dias, tornando-o a bebida mais popular do país. Mas o café é mais do que um ritual diário para milhões de americanos- é um pilar vital para a nossa economia e comunidade locais. Nacionalmente, a indústria do café sustenta mais de 2,2 milhões de empregos americanos, gera mais de US$ 100 bilhões em salários e contribui com cerca de US$ 343 bilhões em produção econômica por ano. Cada dólar de café importado gera cerca de US$ 43 em valor em toda a cadeia de suprimento, e cafeterias, torrefadores e distribuidores atuam como importantes motores econômicos, apoiando pequenos negócios e criando empregos que atuam a sustentar as economias locais”.
Além de dados econômicos, razões geopolíticas para acabar com o tarifaço
Na percepção dos parlamentares, além dos impactantes números, razões de natureza geopolítica reforçam a defesa da tese de se acabar com as tarifas de 50% incidentes sobre as importações de café, e do brasileiro em especial, que respondem por cerca de 30% das importações totais americanas.
Sem mencionar, em nenhum momento, especificamente o Brasil, os deputados e senadores americanos sublinham que as tarifas impostas aos países produtores de café interrompem as parcerias dos Estados Unidos com as principais regiões produtoras de café, principalmente na América Latina, onde os EUA são um importante mercado de exportação e destacam que, enquanto os EUA impõem tarifas draconianas, “a República Popular da China quase triplicou suas importações de grãos de café na última década, tornando-se o importador com crescimento mais rápido no mundo. Em um momento em que a China se tornou o segundo maior parceiro comercial da América Latina {e o maior parceiro do Brasil, principal mercado da região} e trabalha ativamente para minar a posição dos Estados Unidos como o principal parceiro comercial da região, devemos usar todas as ferramentas à nossa disposição para combater a presença estratégica da China nesses mercados competitivos”. E arrematam: “por isso, pedimos {ao presidente Donald Trump} que remova o café das medidas tarifárias atuais e futuras”.
Para finalizar, deve-se registrar que mais americanos bebem café por dia do que qualquer outra bebida, com a água engarrafada ocupando o segundo lugar, segundo dados do último dia 15 de abril da Associação Nacional do Café dos EUA.