Brasília – Entidades do agronegócio brasileiro apresentaram nesta quinta-feira (7) suas principais demandas a sete novos adidos agrícolas que vão atuar na defesa dos interesses do setor em cinco países (África do Sul, Argentina, Estados Unidos, Japão e Rússia), além da Organização Mundial do Comércio (OMC) e União Europeia (UE). O encontro ocorreu em café da manhã na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília.
A lista de reivindicações envolve seis segmentos: aves e suínos, carne bovina, lácteos, frutas, florestas e sucroenergético. A pauta trata de pontos como a remoção de barreiras tarifárias e não tarifárias, a promoção comercial e a habilitação de frigoríficos e laticínios, para que o Brasil conquiste novos mercados e amplie as exportações para países aos quais os produtos do agronegócio têm acesso, visando diversificar a relação de produtos embarcados para o exterior e os destinos das vendas.
“Com uma boa defesa agropecuária e o trabalho dos adidos agrícolas, caberá ao setor aumentar a produção para que o aumento das nossas exportações aconteça”, ressaltou o vice-presidente diretor de Relações Internacionais da CNA, Carlos Sperotto, que coordenou o encontro.
“A parceria é de fundamental importância para suprir o governo e o setor privado com informações sobre os desafios que teremos em determinados mercados”, completou o diretor do departamento de Assuntos Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Guilherme Costa.
A analista de Relações de Mercado da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Tainá Dias, citou como desafios a diversificação de mercados para a carne de frango. Hoje, os principais importadores do produto são Arábia Saudita, União Europeia e Japão.
Entretanto, o setor trabalha na promoção comercial da avicultura brasileira em países como o México, um dos principais importadores mundiais deste tipo de carne. A diversificação de mercados também é prioridade para a suinocultura brasileira, uma vez que quase 40% das exportações de carne suína têm a Rússia como destino.
O coordenador técnico da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Carlos Franco, falou sobre as expectativas em relação à abertura do mercado norte-americano à carne bovina brasileira. Segundo ele, a ideia é exportar, inicialmente, 60 mil toneladas para os Estados Unidos. Contudo, ele ressaltou alguns entraves para ampliar a exportação do produto, como os problemas com rotulagem com Rússia e Hong Kong, principais destinos da carne, e a acreditação de Tocantins, Rondônia e Distrito Federal para a entrada na União Europeia.
Em relação aos lácteos, os principais desafios são o certificado sanitário para países da África e China, a renovação do acordo de importação de leite em pó da Argentina, habilitação de plantas industriais e cotas para o leite condensado. Para o assessor técnico da Associação Brasileira de Lácteos (Viva Lácteos), Gustavo Beduschi, outro desafio é diversificar as exportações, hoje concentradas na Venezuela, destino de metade do leite em pó vendido pelas empresas brasileiras ao exterior.
A ampliação dos mercados também foi abordada pelo presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas), Luís Roberto Barcelos. Segundo ele, atualmente, 80% das exportações de frutas frescas vão para a União Europeia. Barcelos alertou, ainda, que o Brasil vem perdendo mercado para outros países com o fim do Sistema Geral de Preferências (SGP), no ano passado, que beneficiava o Brasil com tarifas diferenciadas.
Por sua vez, o gerente de Relações Internacionais da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), Guilherme Cassaro, solicitou aos adidos a promoção comercial da celulose brasileira e defendeu o fim do excesso de tarifação do setor, entre outros pontos. Já o diretor executivo da União Brasileira da Indústria de Cana-de-açúcar (Única), Eduardo Leão, ressaltou a importância do etanol brasileiro, que pode ser importante alternativa na política de biocombustíveis adotada em diversos países. Quanto ao açúcar, ele alertou para a política de aumento de produção em países como Índia e Tailândia, que vem preocupando o Brasil pela suspeita de práticas desleais no mercado internacional.
Também participaram do encontro a superintendente de Relações Internacionais da CNA, Alinne Oliveira, e a equipe da Superintendência Técnica da CNA. Os novos adidos agrícolas que estiveram na sede da CNA são: Antônio Alberto Rocha Oliveira (Moscou); Eliana Valéria Covolan Figueiredo (Buenos Aires); Juliano Vieira (Pretória); Luís Henrique Barbosa da Silva (OMC); Luiz Claudio de Santana e Caruso (Washington); Marcelo de Andrade Mota (Tóquio); e Márcio Rezende Evaristo Carlos (União Europeia).
Fonte: CNA