São Paulo – O grupo multissetorial argelino Cevital planeja investir mais de US$ 1,5 bilhão em projetos no Brasil. Os interesses da companhia no País são na área de agroindústria, como o processamento de commodities, fabricação de alimentos e escoamento da produção por meio de terminais fluviais próprios.
“Estamos comprando terrenos e entrando com pedido de licenciamento ambiental. Vamos construir parques de agroindústria, um em Vera (Mato Grosso) e outro em Santarém (Pará)”, revela Paulo Hegg, empresário e representante do grupo Cevital no Brasil. De acordo com Hegg, as plantas serão dedicadas à produção de ração animal, óleos vegetais, margarina, fertilizantes, biodiesel e etanol.
O empresário destaca que, além de plantas na África, a Cevital tem operações na Europa e também negocia sua instalação nos Estados Unidos. A operação no Brasil, diz, será a primeira iniciativa do grupo na América do Sul.
“Eles já importam bilhões de dólares do Brasil e decidiram trazer seu know-how de logística e terminais da Argélia. Eles também querem comprar direto dos produtores rurais”, conta Hegg sobre a decisão do grupo de se instalar no País.
De acordo com Hegg, os investimentos em Vera serão de US$ 500 milhões, enquanto no Pará, o grupo irá investir mais de US$ 1 bilhão. Em Santarém, além do complexo agroindustrial, a Cevital irá construir quatro terminais fluviais para o escoamento da produção.
O grupo irá atuar também no distrito de Miritituba, no município de Itaituba, no Pará, onde fará suas operações de transbordo da carga que chegar do Centro-Oeste para que ela seja levada a Santarém.
O empresário e representante do grupo afirma que a produção do grupo argelino atenderá tanto ao mercado interno quanto ao mercado externo. Segundo Hegg, a expectativa é que as construções das plantas e terminais da Cevital no Brasil comecem daqui a dois anos.
As cidades
Nilso Vígolo (PROS), prefeito do município de Vera, conta que a cidade irá doar um terreno de 130 hectares para a construção do complexo agroindustrial da Cevital. Com a instalação da indústria, o prefeito espera trazer benefícios para sua cidade.
“Esperamos aumento de arrecadação de impostos, geração de empregos e aumento da qualidade de vida.” Vígolo diz que há pouca atividade industrial na cidade e que esta é concentrada no setor madeireiro. Ele aponta, porém, que o município é um grande produtor de commodities como milho, soja e arroz.
Para Vígolo, a instalação de uma grande indústria como a Cevital pode significar uma importante transformação na cidade. “O município aumenta a arrecadação e ganha na saúde, educação e segurança”, diz. Hoje, o município arrecada R$ 30 milhões em impostos. A expectativa da prefeitura é que com a presença da multinacional argelina esse número possa aumentar em 200%. Sobre a geração de empregos, espera-se a criação de até 1,5 mil postos de trabalho no município, que tem cerca de 12 mil habitantes.
Valdir Matias Jr., secretário de Planejamento e Desenvolvimento de Santarém, diz que a empresa argelina está negociando a compra de uma área particular de 600 hectares. O mesmo terreno será utilizado para a construção dos terminais fluviais e também do parque agroindustrial. De acordo com o secretário, a partir dos terminais fluviais em sua cidade, as cargas da Cevital serão levadas a Belém ou Macapá para o transporte marítimo.
Matias aponta vantagens também para o desenvolvimento da indústria local, com o processamento da soja e do milho que será feito no município, já que a economia da cidade hoje é dependente da movimentação portuária. “É um projeto inovador. A indústria é muito fraca na região. Este é um projeto rigoroso em relação à legislação ambiental e esperamos que possa gerar um desenvolvimento sustentável”, avalia.
Fonte: ANBA