São Paulo – A desistência da Vale no projeto do Rio Colorado, em Mendonza, na Argentina, provocou uma revisão no total de investimentos projetados pelas principais empresas de fertilizantes do Brasil para os próximos cinco anos. Dados divulgados durante o 3º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, realizado no dia 26, em São Paulo, apontam para investimentos de US$ 13 bilhões entre 2013 e 2018.
Na 2a edição do Congresso, no ano passado, a projeção era de investimentos na ordem de US$ 18,9 bilhões. O corte foi exatamente o dos US$ 5,9 bilhões previstos pela Vale em Rio Colorado. O evento, promovido pela Anda – Associação nacional para Difusão de Adubos, reuniu lideranças e empresários do setor, além de um público de 400 pessoas.
Mesmo com esta revisão, a perspectiva é de que a produção brasileira de nitrogênio, fósforo e Potássio (NPK) cresça de 3,348 milhões de toneladas em 2013 para 6,973 milhões de toneladas em 2018, reduzindo a dependência brasileira do produto exportado de 74,5% para 54,3%. A produção de nitrogênio deverá pular de 825 mil toneladas para 3,991 milhões, cortando a necessidade de importação de 76,2% para 46,2%.
Os números apresentados durante o Congresso indicam ainda que a produção de Fósforo no período deverá pular de 2,245 milhões para 4,106 milhões de toneladas. Com isso, o Brasil passaria a importar 22,2% da sua demanda, contra os atuais 57,4%. No caso do Potássio, a produção deverá passar de 278 mil para 720 mil toneladas, com a dependência recuando de 94,5% para 87,5%.
O presidente do Conselho de Administração da Galvani e do Sindicato Nacional da Indústria Matérias-Primas para Fertilizantes (Sinprifert), Rodolfo Galvani Júnior, destacou que os investimentos estão caminhando mesmo dentro de um quadro de condições adversas ao setor. “O sistema tributário brasileiro favorece a importação e pune a produção local, exatamente na contramão da tendência mundial”, reclamou Galvani, lembrando que a dependência externa de NPK é de 70% no Brasil, 7% na China, 43% na Índia e de 36% nos Estados Unidos.
Esta opinião foi compartilhada pelo presidente da MBAC Fertilizar, Roberto Busato Berger, que defendeu condições tributárias equalizadas. “Precisamos de investimentos fortes no longo prazo para reduzir esta dependência de produto externo”, frisou. O presidente do Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas do Estado de São Paulo (Siacesp), Dalton Heringer, lembrou que os projetos estão caminhando e que a indústria tem atendidos as necessidades do produtor com preços competitivos.
Logo após o painel que debateu investimentos futuros do segmento, o 3º Congresso de Fertilizantes da Anda foi encerrado com uma palestra proferida por Dirk Jan Kennes, estrategista global de insumos agropecuário do Rabobank. Em sua avaliação sobre a dinâmica da oferta e demanda de fertilizantes até 2020, Dirk sustentou que há uma tendência de menor uso de fertilizantes no mundo. “No longo prazo, acredita-se que os agricultores gastarão menos com fertilizantes e mais com outros insumos agrícolas, como sementes, defensivos e equipamentos”, disse o especialista.
A seu ver, isso tende a ocorrer em função do uso mais racional por parte dos chineses, que são os maiores consumidores mundiais do produto. Para Dirk, a tendência de maior atenção a um manejo agrícola mais sustentável deve exigir aplicações de fertilizantes mais direcionadas e em quantidades menores, de forma a também reduzir impactos ambientais.
Serviço:
3º Congresso Brasileiro de Fertilizantes
Data: 26 de agosto de 2013
Horário: das 8h00 às 18h00
Local: Renaissance São Paulo Hotel – Alameda Santos, 2233.
http://www.anda.org.br/congresso/index.php
Fonte: Assessoria de Imprensa do 3º Congresso Brasileiro de Fertilizantes