Em cinco anos, Brasil acumula déficit de US$ 19,602 bilhões no comércio com a Coreia do Sul

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Da Redação

Brasília – Nos últimos cinco anos (2008 a 2012), o Brasil acumula um saldo de US$ 19,602 bilhões no comércio bilateral com a Coreia do Sul. Esse número é inferior apenas ao déficit registrado pelo Brasil no intercâmbio com a Alemanha (US$ 24,393 bilhões) e Estados Unidos (US$ 24,195 bilhões) em igual período. Para se ter uma ideia da magnitude do desequilíbrio na balança comercial brasileiro-sul-coreana, basta lembrar que o Brasil registra saldos positivos no comércio com potências como a China e o Japão.

Em 2012, a Coreia do Sul alcançou um superávit de US$ 4,597 bilhões no comércio com o Brasil, resultado de exportações no montante de US$ 10,097 bilhões e importações totalizando US$ 4,694 bilhões. No primeiro trimestre de 2013, a Coreia do Sul continua mantendo posição superavitária nas trocas com o Brasil, apesar de no período as exportações brasileiras terem registrado uma forte alta de 47,75%, totalizando US$ 1,307 bilhão, contra vendas sul-coreanas de US$ 2,324 bilhões. No período, o saldo em favor da Coreia somou US$ 1,017 bilhão.

O forte desequilíbrio no intercâmbio brasileiro-sul-coreano deve-se ao fato de que enquanto as exportações brasileiras concentram-se em produtos básicos, a pauta exportadora sul-coreana é bastante diversificada e é composta quase que exclusivamente por produtos industrializados, de alto valor agregado.

De janeiro a março deste ano, apenas dois produtos primários, milho em grão e minérios de ferro foram responsáveis por 58,84% de todo o volume exportado pelo Brasil para a Coreia do Sul. A pauta inclui ainda algodão, trigo, soja, carne de frango e café entre outros produtos.

Mas se a pauta exportadora brasileira é praticamente concentrada em produtos básicos, aos quais se somam alguns itens seminafuraturados, as exportações sul-coreanas são compostas quase que essencialmente por bens industrializados. Entre outros itens, aparecem com destaque equipamentos receptores de rádio e televisão (US$ 221 milhões exportados de janeiro a março), óleo diesel (US$ 188 milhões), automóveis (US$ 184 milhões), equipamentos para telefonia (US$ 143 milhões) e querosene para aviação (US$ 92 milhões).

Segundo uma fonte diplomática brasileira, os sucessivos e crescentes deficits acumulados pelo Brasil no comércio com a Coreia do Sul são motivo de preocupação para o governo brasileiro. De acordo com o diplomata, “é evidente que a repetição de saldos negativos não é desejável especialmente quando se leva em conta o fato de que existem complementaridades entre as economias dos dois países mas elas não estão sendo devidamente exploradas. Parece óbvio que produtos primários não são os únicos itens produzidos pelo Brasil e que podem ser exportados para a Coreia do Sul. É importante que se busque meios de dar maior diversidade à pauta exportadora do Brasil para os sul-coreanos”.

 Desequilíbrio persistente e em alta

E a preocupação do governo brasileiro com o desequilíbrio no intercâmbio bilateral é antiga. Em 2005, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou Seul, acompanhado por uma comitiva composta por ministros e uma delegação integrada por cerca de 400 empresários dos mais diferentes setores interessados em vender mais para os sul-coreanos, firmar novas parcerias e atrair investimentos diretos para o território brasileiro.

É inegável que resultados importantes foram obtidos. O comércio bilateral, por exemplo, que em 2005 totalizou pouco mais de uS$ 5 bilhões, saltou para quase US$ 14 bilhões em 2012. Mas se em 2005 o intercâmbio resultou em deficit de US$ 430 milhões para o Brasil, ano passado, o saldo negativo foi mais de dez vezes superior, atingindo US$ 4,597 bilhões.

Além disso, nesse período, enquanto os sul-coreanos mantiveram e, mais que isso, ampliaram a participação de produtos industrializados na pauta exportadora para o Brasil, as vendas brasileiras em mercado sul-coreano, àquela época fortemente concentradas em bens primários, mantiveram esse mesmo perfil e poucos são hoje os produtos industrializados exportados pelo Brasil para a Coreia do Sul.

Em 2011, o então primeiro-ministro da Coreia do Sul, Kim Hwang-sik,  visitou Brasília e na oportunidade analisou com a presidente Dilma Rousseff a possibilidade de assinar um “acordo estratégico”, para aproveitar que as economias de ambos países são “altamente complementares”.

Concretamente, os dois mandatários discutiram as possibilidades de firmar uma maior colaboração nos setores de petróleo, indústria naval e tecnologia nuclear. A presidente Dilma considerou importante que fossem realizados esforços visando um maior equilíbrio da balança comercial entre os dois países. De lá para cá, esse desequilíbrio fez apenas aumentar.

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