Avanço do Portal Único e do Novo Processo de Importação exige preparo de dados e reorganização operacional das empresas
Da Redação
Brasília – Os showrooms de porcelanato nos Estados Unidos passam por uma transformação silenciosa para recuperar relevância diante do avanço do comércio digital. Em vez de competir por preço, o varejo físico investe em experiências sensoriais, ambientes modelo e sistemas de exposição que valorizam porcelanatos de grandes formatos, hoje um dos principais vetores de crescimento do setor.
Nesse ambiente, a consolidação do Novo Processo de Importação e o avanço da Declaração Única de Importação (DUIMP) passam a influenciar diretamente custos, prazos e o grau de risco das operações internacionais.
Para Thiago Oliveira, CEO da Saygo, especialista em comércio exterior, câmbio e estruturação de operações internacionais, a mudança marca um novo patamar de exigência. “O comércio exterior deixou de ser tolerante a falhas básicas. Hoje, um erro de classificação fiscal, uma descrição incompleta ou um cadastro inconsistente têm impacto imediato em prazo, custo e até na relação comercial com fornecedores e clientes”, afirma.
O que muda com a DUIMP no dia a dia das empresas
A DUIMP é o instrumento central do despacho de importação no Portal Único de Comércio Exterior e substitui gradualmente etapas e declarações do modelo anterior. Segundo a Receita Federal, a implementação ocorre de forma faseada, por meio de cronogramas de ligamento e desligamento que variam conforme tipo de operação, órgãos anuentes e integrações com sistemas estaduais.
Na prática, a principal mudança não está apenas na declaração em si, mas na qualidade das informações exigidas. A DUIMP opera de forma integrada ao Catálogo de Produtos e aos atributos por NCM definidos no Siscomex. Isso significa que dados antes descritos de forma genérica passam a ser informados de maneira estruturada, padronizada e reutilizável, reduzindo margem para inconsistências e aumentando o nível de controle da fiscalização.
Por que 2026 tende a ser um ponto de inflexão
A experiência do próprio governo com o Portal Único indica que a digitalização reduz prazos quando as informações são inseridas corretamente desde o início. Avaliações oficiais mostram queda relevante no tempo médio de exportação e importação após a adoção de processos digitais, mas também apontam aumento de exigências quando há divergência de dados.
Esse histórico ajuda a entender por que 2026 tende a ser crítico. Com mais operações migrando para a DUIMP, empresas que não revisaram cadastros, NCMs e descrições comerciais correm maior risco de retenções, exigências complementares e atrasos logísticos. Além disso, a ampliação das integrações com secretarias estaduais da Fazenda fortalece o cruzamento de dados fiscais e aduaneiros, elevando o nível de fiscalização e reduzindo margem para correções tardias.
Como se preparar sem comprometer a operação
A adaptação à DUIMP exige encadeamento de ações, e não mudanças isoladas. O ponto de partida é o saneamento cadastral, com revisão de NCM, padronização de descrições e preenchimento correto dos atributos exigidos para cada mercadoria. Essa base alimenta o Catálogo de Produtos e sustenta toda a operação no novo modelo.
Na sequência, é fundamental acompanhar os cronogramas oficiais do Portal Único para identificar quando cada tipo de operação será impactado. Esse mapeamento permite priorizar produtos estratégicos, fornecedores críticos e rotas mais sensíveis, evitando que a obrigatoriedade interrompa o fluxo logístico.
Em paralelo, ganha relevância a definição de responsabilidades internas claras para validação de dados, controle documental e acompanhamento das declarações.
Por fim, a integração entre gestão aduaneira, logística e financeira se torna decisiva. Processos bem estruturados reduzem custos indiretos, melhoram o planejamento cambial e diminuem o risco de paralisações inesperadas. “A DUIMP não é apenas uma mudança de sistema. Ela exige que a empresa trate dados como ativo estratégico”, resume Oliveira.
DUIMP e comércio exterior em 2026 os ajustes que o importador precisa antecipar
Diante do avanço da DUIMP e do aumento do nível de exigência sobre dados e conformidade, especialistas recomendam que as empresas iniciem ainda em 2025 um processo estruturado de revisão interna. Entre os principais pontos de atenção estão:
- A conferência de NCMs e a padronização das descrições comerciais de todos os produtos ativos;
• A correta estruturação dos atributos exigidos no Catálogo de Produtos, garantindo aderência às regras do Siscomex;
• O acompanhamento contínuo dos cronogramas de ligamento e desligamento do Portal Único, para evitar surpresas operacionais;
• O mapeamento dos órgãos anuentes envolvidos em cada tipo de operação, com atenção às exigências específicas;
• A definição clara de responsáveis internos por cadastro, validação e conferência documental;
• A integração entre planejamento aduaneiro, logístico e cambial, de forma a reduzir impactos financeiros e atrasos.
Ao concentrar essas frentes de revisão, a empresa reduz o risco de travamentos operacionais e ganha previsibilidade em um ambiente que passa a cruzar dados de forma automática e em tempo real.
A consolidação da DUIMP tende a premiar quem antecipa ajustes, organiza informações e trata o processo de importação como parte da estratégia do negócio, e não apenas como uma etapa burocrática. Para 2026, a diferença entre atraso e fluidez estará menos no volume importado e mais na qualidade dos dados apresentados desde a origem da operação.








