De saúde a automotivo: especialista explica como Acordo Mercosul-UE beneficia consumidores brasileiros

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Jackson Campos, especialista em comex, diz que o grande trunfo da união dos blocos está no aumento da oferta e da qualidade dos produtos que chegarão às gôndolas

Da Redação

Brasília – Depois de décadas de negociações, o acordo entre Mercosul e União Europeia está avançando e deve ser fechado ainda em 2025. Com um “empurrãozinho” do tarifaço, os blocos buscam se proteger e mitigar os efeitos das sanções aplicadas pelo presidente americano Donald Trump, mesmo que a longo prazo, e deve trazer benefícios diretos para os consumidores brasileiros.

Se oficializado, o acordo entre os blocos deve causar aumento da oferta e da qualidade dos produtos dentro do Brasil, causando uma queda nos preços e maior variedade de produtos nas gôndolas. O especialista em comércio exterior Jackson Campos afirma que o consumidor é o principal beneficiado com a união dos blocos.

“Quanto mais oferta tivermos aqui no Brasil, mais o preço deve cair e aumentar o poder de compra dos brasileiros. O grande trunfo é o aumento da variedade de produtos. Diversos segmentos, nos dois lados do acordo, terão que aumentar a qualidade da produção por conta do produto externo, trazendo ainda mais competitividade para o mercado. Há muito a se valorizar nessas negociações”, explica Campos.

Pensando nisso, o especialista trouxe cinco segmentos que devem ser diretamente beneficiados com o acordo entre Mercosul e UE:

Alimentos e bebidas

Produtos como vinhos, azeites, queijos e chocolates europeus, que hoje chegam ao Brasil com altos preços por conta das tarifas de importação, devem se tornar mais acessíveis. Essa queda deve colocar no cotidiano do consumidor itens que antes eram associados ao luxo e pressiona a indústria local a competir em qualidade e apresentação.

Mercado automotivo

Referência em tecnologia e segurança veicular, marcas europeias podem ter maior entrada no mercado brasileiro por conta de uma possível redução da carga tributária. O setor de autopeças também deve ser diretamente beneficiado, com custos de manutenção e reposição menores. “É um setor muito forte no Brasil e que está sendo ainda fortalecido pela chegada dos carros chineses no país. A chegada dos europeus coloca o Brasil em posição de ainda mais destaque neste mercado”, afirma Campos.

Farmácia e cosméticos 

O velho continente possui algumas das maiores farmacêuticas e marcas de cosméticos do mundo, como a Ratiopharm e Stada Arzneimittel AG, que hoje desembarcam no Brasil com valores mais altos. A abertura desses mercados facilita a chegada de medicamentos inovadores e produtos de higiene, aumentando a qualidade e a variedade dos produtos oferecidos no mercado brasileiro.

Tecnologia

Equipamentos eletrônicos e soluções digitais desenvolvidas nos polos europeus devem ficar mais acessíveis com a redução de barreiras tarifárias, favorecendo a chegada de dispositivos móveis, eletrodomésticos inteligentes e softwares de ponta. “Isso aproxima o consumidor brasileiro do que há de mais avançado em inovação, reduzindo o hiato de tempo entre o lançamento no exterior e a disponibilidade no mercado local”, explica o especialista.

Moda e bens de luxo

Roupas, calçados e perfumes de marcas europeias, até aqui restritos a consumidores de alta renda, podem se tornar mais presentes no mercado brasileiro. A indústria nacional terá que competir em qualidade, design e posicionamento de preço, beneficiando o consumidor que terá mais opções em preços mais acessíveis.

Campos conclui valorizando a liderança brasileira na costura do acordo, que se posiciona de maneira ainda mais clara como negociadora e aberta para todos no mercado internacional. “Temos que valorizar a importância do Brasil nesse acordo, concluindo uma negociação de décadas. Finalmente abrimos uma porta que conecta o consumidor brasileiro de forma mais direta ao que há de melhor na Europa, um marco que representa modernização e um salto de qualidade no acesso a produtos e serviços”, finaliza Campos.

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