O comércio mundial está a caminho de atingir um recorde de US$ 33 trilhões em 2024, mas os riscos de guerras comerciais ampliadas e os desafios geopolíticos contínuos geram incerteza sobre as perspectivas para 2025.
Da Redação (*)
Brasília – O comércio global deve atingir um recorde de US$ 33 trilhões em 2024, de acordo com a última Atualização do Comércio Global publicada pela ONU Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) em 5 de dezembro.
Esse aumento de US$ 1 trilhão, refletindo um crescimento anual de 3,3%, destaca a resiliência do comércio global, apesar dos desafios persistentes.
O crescimento robusto no comércio de serviços, de 7% no ano, foi responsável por metade da expansão, enquanto o comércio de bens cresceu 2%, mas permaneceu abaixo do pico de 2022.
De acordo com a UNCTAD, as economias em desenvolvimento enfrentam um crescimento comercial mais lento, mas setores de alto crescimento, como tecnologia da informação e comunicação (TIC) e vestuário, oferecem oportunidades de diversificação e resiliência.
O crescimento global estável e a inflação em queda criam uma janela para que as economias em desenvolvimento fortaleçam sua posição comercial em meio às crescentes incertezas geopolíticas, analisa a instituição da ONU.
Oportunidades em meio à incerteza
As economias em desenvolvimento, tradicionalmente fortes impulsionadoras do comércio global, enfrentaram obstáculos em 2024, com as importações contraindo 1% e o comércio Sul-Sul caindo na mesma margem no terceiro trimestre.
Em contraste, as economias desenvolvidas lideraram o crescimento no terceiro trimestre, com a demanda estável impulsionando um aumento de 3% nas importações e 2% nas exportações.
Apesar desses desafios, ainda há oportunidades para as economias em desenvolvimento capitalizarem setores de alto crescimento.
O comércio de TIC e vestuário cresceu, com aumentos de 13% e 14%, respectivamente, no terceiro trimestre de 2024. Esse crescimento ressalta o potencial de diversificação e entrada em indústrias de valor agregado.
Previsões de crescimento global estável e inflação em queda também representam uma chance de construir resiliência em 2025.
Pressões setoriais e perspectivas de crescimento
Embora TIC e vestuário tenham mostrado forte impulso, setores tradicionais essenciais para economias em desenvolvimento enfrentaram declínios.
O comércio de energia caiu 2% no trimestre e 7% no ano, enquanto o comércio de metais contraiu 3% tanto no trimestre quanto no ano.
O comércio automotivo caiu 3% no terceiro trimestre, mas deve encerrar o ano com um crescimento modesto de 4%.
Um apelo à ação estratégica
A UNCTAD pede que as economias em desenvolvimento adotem políticas específicas que melhorem a diversificação do comércio e invistam em setores de alto valor para mitigar riscos.
“O comércio continua sendo uma pedra angular do desenvolvimento sustentável”, disse a Secretária-Geral da UNCTAD, Rebeca Grynspan. “Para aproveitar as oportunidades em 2025, as economias em desenvolvimento precisam de apoio coordenado para navegar na incerteza, reduzir dependências e fortalecer seus vínculos com os mercados globais.”
(*) Com informações da UNCTAD