Comércio entre Brasil e China: 2023, um ano de recordes históricos

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Henrique Reis (*)

O comércio exterior brasileiro encerrou o ano de 2023 com uma notícia das mais auspiciosas: a corrente comercial entre o Brasil e a China bateu novo recorde da série histórica iniciada em 1987 atingindo a marca de US$ 157,4 bilhões, um aumento de 4,9% em comparação ao ano de 2022.

No ano passado, as exportações brasileiras para a China totalizaram US$ 104,3 bilhões, um aumento de 16,6% comparado ao ano anterior. Em contrapartida, as importações registraram um total de US$ 53.1 bilhões, o que representa uma queda de 12,5% nas importações com origem da China comparativamente ao ano de 2022.

Os números foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e além do novo recorde nas relações bilaterais, também foi registrado um superávit recorde em favor do Brasil nas trocas comerciais com a China, no total de US$ 51,1 bilhões em 2023.

Uma matéria publicada no Valor Econômico sobre o comércio sino-brasileiro menciona que o superávit brasileiro com a China em 2023 foi equivalente a mais da metade do saldo comercial total do Brasil no ano, que alcançou também a marca histórica de US$ 98,8 bilhões.

Os números reforçam a importância da China para a economia brasileira, apesar da alta concentração da pauta exportadora brasileira em commodities agrícolas e minerais. Cinco desses produtos representam 84,2% de todo o volume embarcado para a China pelas empresas brasileiras. São eles: soja, petróleo, minério de ferro, carne bovina e celulose.  A crescente demanda chinesa por esses produtos possibilita movimentar todas essas cadeias produtivas e contribui para a geração de riqueza e empregos no país.

Não há maiores segredos no sucesso das relações bilaterais, pois os países possuem economias complementares, desta forma precisam apenas prezar por um bom relacionamento e ambos manterem condições favoráveis para os negócios. Além dos produtos citados anteriormente, outras commodities estão inseridas nos 15,8% restantes das exportações brasileiras para a China, por exemplo, milho, açúcar, carne de aves, carne suína, 0couro, etc.

É sempre importante ter cautela, pois a concentração da pauta exportadora em uma cesta integrada por alguns poucos produtos embarcados para um só mercado pode gerar um efeito extremamente negativo em tempos de crise.

Diante disso insisto que o Brasil tem mais a oferecer à China e por isso considero a diversificação da pauta de exportação muito importante e todos os esforços devem ser envidados visando agregar à pauta exportadora brasileira novos bens e também serviços, investimentos, intercâmbio tecnológico e a busca de inovação.

Em 2024, ano que será celebrado os 50 anos do estabelecimento das relações diplomáticas do Brasil com a China, espera-se que a parceria comercial entre os países siga forte, embora seja prevista uma desaceleração da economia chinesa.

A fatia da China nas exportações brasileiras avançou de 26,8% em 2022 para 30,7% em 2023, um número impressionante de vendas para um único país. Número que se torna ainda mais expressivo quando se sabe que a OMC possui 164 países membros.

Para se ter uma visão mais precisa da importância da China como parceiro comercial do Brasil, vale destacar, a título meramente comparativo, que os EUA, uma das grandes potências do comércio global, ocupou a segunda posição entre os maiores parceiros comerciais do Brasil no ano passado e foi responsável por 10,9% das exportações brasileiras, uma participação quase três vezes menor que o percentual alcançado pela China.

Consideradas essas e muitas outras informações relacionadas aos êxitos alcançadas em 2023 no contexto das relações de parceria e amizade entre o Brasil e a China, não temos dúvida em afirmar a confiança de que deveremos ter em 2024 -ano que será marcado pelas mais que justas comemorações dos 50 anos de estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países- um ano marcado por conquistas ainda mais relevantes. É este o meu mais sincero desejo!

(*) Henrique Reis é Gerente de Relações Internacionais do China Trade Center

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