Brasília – Os custos com o trabalho no Brasil subiram mais do que nos principais parceiros comerciais do país. No ano passado, o custo unitário do trabalho efetivo (CUT efetivo), que compara o custo médio do trabalho, em dólares, para fabricar um produto manufaturado no Brasil com o dos 10 principais parceiros comerciais do país, aumentou 5,4%. A informação é do estudo Indicadores de Competitividade-Custo, da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Entre 2007 e 2017, o CUT efetivo do Brasil teve alta de 13,1%, indicando perda de competitividade da indústria brasileira em relação às indústrias de Estados Unidos, Argentina, Alemanha, México, Japão, França, Itália, Coreia do Sul, Países Baixos e Reino Unido.
“Para 2018, a expectativa é que a competitividade volte a crescer (ou seja, que o CUT efetivo volte a cair). Tanto a produtividade do trabalho, que continua a crescer no Brasil, como a taxa de câmbio, que reverteu a tendência de apreciação, devem contribuir positivamente para a competitividade da indústria brasileira”, prevê a CNI.
A evolução do indicador depende da variação do salário médio real e da produtividade do trabalho no Brasil, em comparação com a evolução nos principais parceiros comerciais do país, bem como da variação das taxas de câmbio real entre a moeda brasileira e as moedas dos parceiros.
Assim, o CUT efetivo aumenta quando o salário no Brasil cresce mais do que nos países parceiros, a produtividade sobe menos do que nos parceiros e a moeda brasileira se valoriza diante do dólar.
Em 2017, o salário médio real na indústria brasileira subiu 2,7% na comparação com a média dos demais parceiros comerciais. “Os maiores aumentos do salário médio real do Brasil, com relação ao salário médio real de seus principais parceiros comerciais, foram registrados na comparação com os Países Baixos (4,2%), a Coreia do Sul (4,1%) e a Itália (3,8%)”, afirma o estudo.
Produtividade
Ainda no ano passado, a produtividade do trabalho na indústria brasileira aumentou 2,3% em relação à média dos principais parceiros comerciais. Subiu 5% em relação à do México, 3,8% à da Itália e 3,7% à dos Estados Unidos. Mas caiu 1,3% em relação à da indústria sul coreana.
O aumento do salário médio real efetivo (2,7%) foi maior do que o da produtividade (2,3%) e contribuiu para a perda de competividade do Brasil. No entanto, o principal determinante para a perda de competitividade em 2017 foi a valorização do real de 5% diante da cesta de moedas dos principais parceiros comerciais do Brasil.
Na década entre 2007 e 2017, o salário médio real efetivo da indústria brasileira aumentou 16,3%, a produtividade do trabalho efetiva caiu 1,8% e o real se desvalorizou 4,5% em relação à cesta de moedas dos principais parceiros do país. Com isso, o CUT efetivo do período cresceu 13,1%.
“A análise da evolução do CUT efetivo mostra que o aumento da competitividade de um país depende do aumento da produtividade das empresas e do equilíbrio fiscal”, afirma o gerente-executivo de Pesquisas e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca.
Ele explica que o crescimento da produtividade é decisivo para o aumento dos lucros e dos salários e para a redução dos preços dos produtos brasileiros em relação aos estrangeiros. “A estabilidade do ambiente macroeconômico gera confiança e reduz a volatilidade da taxa de câmbio e, consequentemente, da competitividade”, completa.
O CUT efetivo é construído com base nos custos unitário do trabalho (CUTs) real em dólar do Brasil e de seus principais parceiros comerciais. O CUT representa o custo com trabalho para a produção de uma unidade de produto, por exemplo, um televisor, um carro ou mesmo um lápis. O custo unitário do trabalho relativo (CUT relativo) de um país é o CUT do país dividido pelo CUT de outro país, ambos em dólar real.
“Por exemplo, o CUT relativo Brasil-Argentina compara a evolução do CUT do Brasil com o CUT da Argentina, ambos em dólar real. Um aumento no CUT relativo Brasil-Argentina mostra que ficou mais caro produzir no Brasil do que na Argentina”, explica o estudo.
Saiba mais
Acesse página de Estatísticas da CNI e veja os detalhes do estudo.
(*) Com informações da CNI