Da Redação (*) Novo Hamburgo (RS) – As importações de calçados, em especial da China, vêm preocupando a indústria calçadista nacional. Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que, somente em junho, entraram no País mais de 705 mil pares chineses, 261% mais do que no mesmo mês do ano passado. A China só fica atrás do Vietnã no ranking de países de origem das importações. No mesmo mês, entraram no Brasil 1,47 milhão de pares produzidos no Vietnã, 57,8% mais do que no mesmo período do ano passado. No mês de junho, as importações totais somaram 3,3 milhões de pares, 63,7% mais do que no sexto mês de 2023. Já no acumulado do primeiro semestre, as importações totais somaram 18,72 milhões de pares, 11,4% mais do que no mesmo intervalo do ano passado. Segundo o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, ao mesmo tempo em que as importações de calçados estão em elevação, as exportações do setor seguem registrando quedas consecutivas. Em junho, as exportações brasileiras somaram 5,5 milhões de pares, 26,2% menos do que no mesmo mês do ano passado. No acumulado do primeiro semestre, foram exportados 48,45 milhões de pares, 25,5% menos do que no mesmo intervalo de 2023. “O mercado externo, além de estar bastante instável, está sendo inundado por calçados chineses, em uma concorrência desleal com qualquer outro país produtor do mundo”, avalia o dirigente, ressaltando que são calçados exportados a preços abaixo dos praticados no mercado, comercializados com prática desleal de comércio, além de condições trabalhistas pouco alinhadas aos padrões internacionais e uma agenda ambiental branda. Gigante Asiático Na opinião de Haroldo Ferreira, mesmo em um ambiente internacional adverso, as exportações totais da China para o mundo vêm em crescimento. “O maior crescimento das exportações chinesas, no período, foi para os países da América Latina, com expansão de 19,8%, em volume. Na América Latina estão alguns dos nossos principais destinos. O gigante asiático está devorando nosso mercado no continente”, acrescenta Ferreira. O dirigente da Abicalçados também se diz preocupado com “rumores” sobre um possível acordo de livre comércio entre Mercosul e China. “Se hoje, mesmo com o antidumping parcial contra o calçado chinês, temos essa invasão de produtos chineses, o que dirá com tarifa zero em um acordo de livre comércio? A indústria brasileira, não somente a de calçados, irá acabar”, alerta Ferreira. Destinos das exportações O principal destino das exportações brasileiras, no primeiro semestre, foram os Estados Unidos, que importaram o equivalente a 5,11 milhões de pares, 3,8% menos do que no mesmo período do ano passado. O segundo destino do produto brasileiro nos seis meses foi a Argentina, que importou 4,6 milhões de pares do Brasil, 41,1% menos do que em 2023. Completando o podio dos destinos das exportações apareceu o Paraguai, que importou 3,9 milhões de pares de calçados do Brasil, 25% menos do que no mesmo período do ano passado. RS: maior exportador Os dados de junho apontam que o Rio Grande do Sul segue sendo o principal exportador de calçados do Brasil. No primeiro semestre, partiram do Estado 15,28 milhões de pares, 15,7% menos do que no mesmo período do ano passado. Na sequência, aparecem Ceará (15,28 milhões de pares, queda de 23,6% em relação ao ano anterior) e São Paulo (2,94 milhões de pares, 32,1% menos do que no mesmo período de 2023). |
(*) Com informações da Abicalçados