Brasília – Com o governo angolano preocupado com a própria produção agrícola e também com a segurança alimentar, o Brasil vê em uma cooperação com o país africano na área de agricultura e agronegócio uma oportunidade de retomar parcerias entre os dois países.
“Cada vez mais identificamos que essa é uma área-chave para uma renovação de um novo capítulo na parceria entre Brasil e Angola”, avaliou Araújo. Por muitos anos a cooperação entre Brasil e Angola foi marcada por obras de infraestrutura realizadas por empreiteiras brasileiras que saíram do país africano após denúncias de corrupção com Operação Lava Jato.
Livre Comércio
Ernesto Araújo destacou que existe profundo interesse brasileiro numa aproximação com a União Africana. “Queremos estar muito mais presentes na África como um todo. É preciso estarmos atentos às imensas oportunidades que existem na África que são geradas pela integração africana, como a criação de uma área Africana de Livre Comércio”. O Brasil, adiantou o ministro, quer analisar as possibilidades para se associar de alguma maneira “intensa e produtiva com esse processo de integração na África”.
O ministro ressaltou que o Brasil quer mais diálogo político, mais presença na África e a aproximação, com apoio de Angola, parece ser uma chave para isso. Em contrapartida o chanceler brasileiro disse que é total a disposição do Brasil em ser um parceiro na presença de angola na América do Sul.
Outras áreas
Na área de Defesa, a ideia é aprofundar a cooperação naval entre as Marinhas do Brasil e de Angola. “Estamos tratando com muita atenção e com muito interesse os projetos de Angola de capacitação nessa área e o Brasil está pronto a colaborar”, disse o ministro brasileiro.
Há ainda perspectivas de, em breve, ser firmado acordo para evitar dupla tributação dos lucros de serviços aéreos e marítimos que, segundo ele, vai contribuir muito para a atividade da companhia aérea angolana TAAG no Brasil.
A cooperação jurídica entre os dois países também está entre as prioridades dos governos brasileiro e angolano. O Brasil pode ajudar Angola com sua expertise no combate à corrupção e na recuperação de ativos
Guiné-Bissau
Os chanceleres angolano e brasileiro também aproveitaram o encontro para ressaltar que acompanham com “grande atenção e preocupação” a crise política na Guiné-Bissau. As autoridades condenaram “veementemente o recurso à violência” e “tentativas de ascensão ao poder por meios não constitucionais”.
“Nós queremos encorajar todos os atores políticos da Guiné-Bissau a observar o estrito cumprimento da lei, da Constituição, para que aquele país possa, finalmente, depois desse ciclo eleitoral, reconhecer a normalidade, condição para que possa arrancar definitivamente para o desenvolvimento econômico e social”, disse Manuel Domingos, apoiado por Ernesto Araújo.
O autoproclamado presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições presidenciais daquele país pela Comissão Nacional de Eleições, tomou posse simbolicamente como chefe de estado na última quinta-feira, apesar do Supremo Tribunal de Justiça ainda analisar um recurso de contencioso eleitoral interposto pela candidatura de Domingos Simões Pereira. A partir da posse, militares ocuparam várias instituições de Estado, incluindo a rádio e a televisão públicas, de onde os funcionários foram retirados e transmissões foram suspensas.
(*) Com informações da Agência Brasil