Acordo estabelece o marco inicial para a implantação do Brazilian Natural Stone Hub, estrutura que reduzirá custos logísticos e possibilitará a disponibilidade de estoque elevando a competitividade do Brasil frente a Itália, Turquia, Índia e China no mercado do Golfo
Da Redação (*)
Brasília – O setor brasileiro de rochas naturais deu um novo passo na sua internacionalização no Oriente Médio com a assinatura, nesta quarta-feira (26), de um Memorando de Entendimento (MoU) entre a Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas) e o Abu Dhabi Ports Company, do AD Ports Group.
O acordo materializa o primeiro movimento institucional rumo ao Brazilian Natural Stone Hub, um centro logístico e promocional que ampliará a presença do Brasil na região e fortalecerá a competitividade das empresas brasileiras em um mercado em crescente expansão.
A aproximação com o Oriente Médio tem ganhado mais sentido diante do interesse regional por materiais naturais de alto padrão. Um exemplo emblemático é o projeto de revitalização de nove andares do icônico prédio Burj Khalifa, em Dubai, que estão sendo convertidos de uso comercial para residencial e tendo o quartzito brasileiro Taj Mahal revestindo a área.
“Apesar no nome inspirado no monumento indiano, o Taj Mahal é o material brasileiro mais conhecido no mundo. Extraído no Ceará, região nordeste do Brasil, ele se tornou sinônimo de elegância e luxo evidente”, destaca o vice-presidente da Centrorochas, Fábio Cruz.
Embora o volume comercial entre Brasil e Oriente Médio no segmento ainda seja moderado, os números têm mostrado evolução consistente na demanda pelas rochas naturais. Entre janeiro e outubro de 2025, o Brasil exportou US$ 20,7 milhões em rochas naturais para o Oriente Médio, um crescimento de 146,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os Emirados Árabes Unidos, com US$ 13,5 milhões e alta de 295,8%, consolidam-se como principal destino, seguidos por Israel (US$ 4,2 milhões; +99,7%) e Arábia Saudita (US$ 889,7 mil). “O hub surge justamente para acelerar esse movimento, oferecendo maior disponibilidade de produtos, redução de prazos logísticos e presença institucional contínua”, reforça o vice-presidente.
O memorando firmado por Fátima Mohammed Noorl Al Hammadi, Chief Commercial Officer do Kezad Group, e Fábio Cruz (Centrorochas) marca o início uma nova fase para a indústria brasileira, que dá mais um passo na criação de sua primeira base física permanente na região.
A assinatura ocorreu durante uma cerimônia realizada no Kezad One, complexo que integra uma zona industrial e logística com 735,7 km², área equivalente ao tamanho de Singapura. Participaram do momento membros da equipe do AD Ports Group, entre eles Ilson Hule, Diretor de Estratégias Comerciais do Porto de Abu Dhabi, que teve papel decisivo na articulação institucional e operacional que tornou este marco possível, estreitando a ponte entre as prioridades brasileiras e as oportunidades estratégicas no Porto.
Delegação brasileira reforça liderança setorial
O evento reuniu uma delegação brasileira composta por 15 representantes, incluindo executivos de seis empresas do setor de rochas naturais: Atlas, Gramil, Magban, MGA, MG2 e Milanezi Granitos, além do presidente do Simagran-CE (Carlos Rubens Alencar), da CEO da Milanez & Milaneze, do Grupo VeronaFiere e organizadora da Marmomac Brazil (Flávia Milaneze), do diretor executivo da Sama Venture Partners (Rodrigo Zingales), do gerente do It’s Natural – Brazilian Natural Stone, projeto setorial executado pela Centrorochas em parceria com a ApexBrasil (Thiago Fukuda) e da head de comunicação do setor (Karina Porto-Firme).
Brazilian Natural Stone Hub
A criação do hub atende a uma demanda histórica do setor: reduzir a distância logística que separa o Brasil dos principais polos consumidores do Golfo, vantagem que já beneficia países concorrentes como Itália, Turquia, Índia e China.
Com o hub, o Brasil terá local de armazenagem e estoque para pronta entrega, uma plataforma permanente de promoção comercial e presença institucional contínua em um dos maiores mercados em expansão no mundo. O Oriente Médio já se consolidou como um dos motores do crescimento das exportações brasileiras de rochas: só entre janeiro e outubro de 2025, o Brasil vendeu US$ 20,7 milhões em materiais para a região (crescimento de 146,5%).
Rodada de Negócios em Dubai reforça movimento rumo ao Hub
A etapa comercial realizada antes da cerimônia de assinatura do MoU, no dia 24 de novembro, desempenhou papel estratégico na forte presença brasileira em Abu Dhabi. A “Brazil Stone Connection: Middle East Edition” promoveu 81 reuniões de negócios em um único dia, conectando 15 empresas brasileiras a seis compradores selecionados de Dubai e região.
O nível de interesse dos compradores consolidou a percepção de que o Oriente Médio demanda fornecedores competitivos e materiais exclusivos, atributos em que o Brasil se destaca globalmente.
Essa mobilização também resultou em uma das maiores comitivas já reunidas pelo setor na região, fortalecendo o peso institucional da ação realizada pelo It’s Natural – Brazilian Natural Stone e promovida pela Centrorochas e a ApexBrasil. Participaram da rodada as empresas Amagran, Atlas Mármores, Bramagran, Brasigran, Gramil, Magban, Magnitos, Marcel, MG2, MGA, Milanezi, Monte Negro, Pedra do Frade, Poliex e Yellow Stone, que apresentaram suas linhas de quartzitos, mármores e granitos a um mercado de alta exigência técnica e estética.
(*) Com informações da Centrorochas









