São Paulo – Exportadores de frutas interessados em vender para os países árabes estão negociando com empresas de Omã e dos Emirados Árabes Unidos, que participaram terça-feira (28) das rodadas de negócios promovidas durante a feira Fruit & Tech, que termina hoje (29), em São Paulo.
As empresas Abdul Fatah Mohd Noor Co., de Omã, e Interworld Foods, dos Emirados, pertencem ao mesmo grupo e negociam juntas durante a feira na capital paulista. De acordo com Shanavaz Ahmed, gerente geral da companhia omani, ambas as empresas já contam com seis fornecedores brasileiros e estão em busca de novos parceiros.
Os importadores árabes já compram maçãs, laranjas e limões do Brasil. “Estamos buscando por novos fornecedores para estes e também para outros produtos, como abacaxi e mamão”, diz Ahmed. Ele aponta, porém, entraves como o longo tempo de transporte da mercadoria até o Oriente Médio. “O navio leva de 27 a 35 dias, e muitas das frutas tropicais não resistem a tanto tempo.”
A empresa de Omã compra anualmente cerca de 2,5 mil toneladas de frutas e vegetais do Brasil, que são vendidos dentro do próprio país.
Tharak Muhammed, diretor da Interworld, revela que sua empresa tem interesse em outras variedades de frutas, como uvas, ameixas, pêssegos, abacates e cerejas. A empresa dos Emirados importa entre 3 mil e 3,5 mil toneladas por ano de alimentos do Brasil, entre frutas, vegetais, carne bovina e de frango e ovos.
“Reexportamos dos Emirados para mercados como Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Catar. Temos um mix de alimentos de diferentes origens que estão concentrados em Dubai e reexportados diariamente”, destaca. Além de importar e revender os alimentos, a empresa faz ainda a reembalagem e distribuição de carne bovina, de carneiro, frangos inteiros e em partes. O faturamento anual das empresas é de US$ 28,8 milhões.
Luiz Gabriel Borges, gerente de vendas da Associação dos Morangueiros de Estiva, em Minas Gerais, disse que os árabes ficaram interessados na compra de morango orgânico. “Ainda não há oferta alguma [de morango orgânico] no país deles. Esse é o primeiro contato. Tudo indica que a gente vai fazer bons negócios”, revela.
Segundo o executivo, juntas, as duas empresas têm uma demanda de cinco toneladas por semana da fruta. Ele acredita que os negócios possam ser fechados a partir da próxima safra, em maio de 2011.
Rogério Nascimento, representante da trading BC Trad, também de Minas Gerais, diz que os árabes se interessaram por sucos em polpa, açúcar e café. Entre os sabores de sucos, a empresa oferece uva, maracujá, pêssego, manga, açaí e guaraná. “Ficamos de mandar a lista de preços para eles fazerem um comparativo. Em outro momento, mandaremos as amostras.” A trading já exporta para países da Europa, América Central e Japão.
Já David Ferreira Jr., diretor da consultoria empresarial em fruticultura DF Skill, de Itapetininga, em São Paulo, relatou que os árabes estão interessados em comprar laranja e limão taiti. “Temos disponibilidade para trabalhar com esses produtos o ano todo”, diz. “Eles têm uma demanda de 46 toneladas semanais, em um período que vai de julho a setembro”, revela.
O executivo conta que sua empresa trabalha com 30 produtores e tem plena capacidade de atender a demanda das duas empresas. Segundo ele, serão enviadas as cotações de preço para as companhias árabes e há expectativas de negócios ainda para este ano.
Fruit & Tech
A Fuit & Tech está em sua segunda edição. Este ano, o evento conta com a participação de 100 expositores de frutas, legumes, verduras e derivados, e espera atrair até quatro mil visitantes. Localizada no pavilhão amarelo do Expo Center Norte, a feira ocupa um espaço de 3 mil metros quadrados. Nas rodadas de negócios internacionais, além dos compradores dos Emirados Árabes e Omã, o evento trouxe importadores da Rússia, Espanha, Alemanha, Itália, Estados Unidos, Argentina e África do Sul.