Da Redação
Brasília – Após registrar em 2020 o pior desempenho dos últimos onze anos, o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos deverá se recuperar em 2021. A projeção foi feita pela Amcham, a Câmara de Comércio dos Estados Unidos no Brasil. O raciocínio tem como ponto de partida uma comparação entre o fluxo do comercio bilateral em 2009, ano em que a economia mundial foi duramente afetada por uma das mais graves crises da história, e o desempenho registrado no ano passado, com a crise gerada pela pandemia de Covid-19.
Segundo o vice-presidente executivo da Amcham, Abrão Neto(foto), “o desempenho do comércio bilateral mostrou maior resiliência na crise atual que na anterior. Em 2009, as trocas bilaterais encolheram 55%, mais que o dobro da retração de 2020. Além disso, o comércio já iniciou recuperação gradual, com desaceleração da contração nos últimos trimestres de 2020”.
Abrão Neto destacou ainda que com Joe Biden na presidência americana, Brasil e Estados Unidos devem trabalhar pela reconstrução da relação bilateral e em prol da retomada dos flluxos de comércio e investimentos.
Em 2020, as exportações brasileiras para os Estados Unidos somaram US$ 21,5 bilhões, com uma contração de -17,8%. Em contrapartida, as vendas americanas caíram um pouco menos (-19,8%) para US$ 24,1 bilhões, o que proporcionou aos EUA um superávit de US$ 2,6 bilhões no intercâmbio com o Brasil.
E uma reação começou a acontecer no terceiro trimestre do ano passado, quando foi registrada a menor taxa de contração das exportações brasileiras para os Estados Unidos no ano (-16,9), com os dados apontando para uma trajetória de recuperação em 2021.
De acordo com dados extraídos do “Monitor do Comércio Brasil-Estados Unidos”, que reúne dados e análises da balança comercial bilateral, em 2020, o intercâmbio foi marcado pela pior marca nos últimos 11 anos. A corrente de comércio entre os dois países totalizou US$ 45,6 bilhões, com uma queda de -23,8% comparativamente com o ano de 2019.
No ano passado, a forte queda atingiu indistintamente as exportações e importações. Os embarques para o mercado americano tiveram uma retração de -27,8%. Em termos absolutos, os Estados Unidos foram o parceiro mais afetado entre todos os destinos das exportações brasileiras.
Segundo Abrão Neto, “o comércio Brasil-Estados Unidos é formado sobretudo por produtos de maior valor agregado, os mais afetados pela crise mundial. Os efeitos negativos provocados pela pandemia e a queda do preço internacional do petróleo ajudam a entender a contração das trocas bilaterais em 2020”
O executivo ressalta que, “apesar dos resultados, acreditamos que há motivos para que 2021 seja um ano melhor. Com o avanço da vacinação e a retomada mais forte das atividades econômicas nos Estados Unidos, nossa expectativa é de que as exportações brasileiras para os americanos sejam impulsionadas ao longo deste ano”.
Abrão Neto vê também na taxa de câmbio outro fator a impulsionar o fluxo comercial entre os dois países. Para ele, “no passado, o real foi a moeda que mais se desvalorizou entre os países emergentes (-22,4%). A projeção do Banco Central é que a taxa média de câmbio seja em torno de R$ 5,00, mais apreciada que a média de 2020 (R$ 5,15). A possível valorização do real e a expectativa do FMI de crescimento de 2,6% da economia brasileira devem levar a aumentos nos níveis de recuperação do país, inclusive de produtos exportados pelos Estados Unidos”.