Da Redação com Agência Brasil
Brasília – A balança comercial brasileira deverá fechar os meses de fevereiro e março com saldo negativo, a exemplo do que aconteceu em janeiro. Porém, o déficit dificilmente atingirá a expressiva soma de US$ 4,035 bilhões registrado em janeiro. A avaliação feita pela secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Tatiana Prazeres, é de que o resultado do primeiro mês do ano “é um déficit expressivo” e confirmou que pode haver novos resultados deficitários em fevereiro e março em função de importações feitas no ano passado que ainda não foram processadas.
Na opinião de Tatiana Prazeres, a partir do mês de março, o governo espera superávit e mantém a expectativa de exportações elevadas e saldo positivo em 2013. Entretanto, a secretária de Comércio Exterior evitou fazer um prognóstico a respeito do superávit a ser alcançado pelo Brasil em 2013.
E mesmo reconhecendo a expressividade do déficit de janeiro, Tatiana Prazeres afirmou que a balança está em um momento mais favorável do que em anos anteriores. Ela apresentou números do ministério mostrando que o saldo negativo de janeiro representou 25,3% das exportações brasileiras.
Em dezembro de 1996, quando a balança ficou deficitária em US$ 1,7 bilhão e teve o segundo pior resultado mensal da série histórica, esse volume representava 47,2% das vendas externas. “O comércio exterior do Brasil cresceu muito nos últimos tempos. Nossas exportações continuam elevadas”, disse a secretária.
As exportações brasileiras ficaram em US$ 15,968 bilhões em janeiro e as importações em US$ 20,003 bilhões. O volume importado foi o maior para o mês desde o início da série histórica. As exportações foram impactadas, entre outros fatores, pela queda na venda de petróleo para o exterior. Houve retração no comércio com parceiros que consomem o produto vindo do Brasil, como Estados Unidos e China.
De acordo com Tatiana Prazeres, a redução deve-se ao maior consumo interno. “Há uma demanda pelo processamento do petróleo no país e isso tem reduzido as vendas”, disse.
A secretária de Comércio Exterior explicou que um dos motivos do volume expressivo das importações, que cresceram 14,6% ante janeiro do ano passado, está relacionado à publicação da Instrução Normativa 1.282 da Receita Federal. Editada em julho do ano passado, ela tornou mais demorado o processo de importações de cargas a granel e isso se refletiu nas compras brasileiras de combustíveis. Por isso, há um estoque do produto cuja aquisição não foi compensada e que ainda deve impactar no resultado da balança. “Há ainda um volume considerável que refletirá nos meses de fevereiro e março. São US$ 2,9 bilhões, segundo a Petrobras.”
Tatiana Prazeres destacou, no entanto, que mesmo sem o estoque reprimido de combustível as importações teriam sido recorde no mês de janeiro. Segundo projeção do MDIC, teria havido crescimento de 5,5% na média diária de compras em lugar dos 14,6% registrados.
De acordo com a secretária, o MDIC continuará a não estabelecer uma meta de exportações para 2013. “Esperamos manter o patamar elevado [de exportações] dos últimos dois anos, mas não atribuíremos um número”, declarou.