São Paulo – Os preços mundiais do açúcar devem se manter valorizados nos próximos meses, ajudando a garantir parte da receita da exportação do Brasil ao mundo árabe. Em agosto, o produto teve peso importante no aumento das vendas brasileiras para a região. “Vai continuar alto”, afirma o sócio da consultoria Markestrat, José Carlos de Lima Júnior, sobre o valor da commodity nos próximos doze meses. Oferta menor e estoques baixos são as principais causas da valorização, de acordo com o especialista em agronegócios.
O açúcar apresentava preços baixos no decorrer dos últimos cinco anos, mas começou a reagir em setembro do ano passado, depois que a Índia anunciou que colocaria no mercado externo um volume menor do produto do que o previsto. O país asiático é um dos grandes exportadores da commodity e resolveu direcionar para o mercado interno 75% das quatro milhões de toneladas que havia estimado comercializar mundialmente na safra 2015/2016.
Somada a isso, em função dos preços baixos dos últimos anos, a produção estava desestimulada. Países que fabricam também biocombustível a partir da cana-de-açúcar investiram mais nesse outro produto. Essa produção menor ajudou a reduzir estoques e a elevar os preços atuais. Além disso, alguns países asiáticos produtores tiveram problemas de clima e de safra no começo deste ano, conta Lima Júnior. Esses fatores recentes levam o consultor a crer em uma manutenção de preços altos por algum tempo.
A menor oferta de fornecedores tradicionais do mercado mundial de açúcar abre também novas possiblidades de exportações para as usinas brasileiras. “O Brasil vai atender esse mercado”, afirma o sócio da Markestrat. Foi o que aconteceu com os países árabes, que aumentaram em 127% as suas compras de açúcar brasileiro em volume em agosto, para mil toneladas, o que gerou receita 195% maior, de US$ 380 milhões.
As vendas externas da commodity pelo Brasil também estão crescendo neste ano de maneira geral. De janeiro a agosto, as exportações de açúcar bruto geraram US$ 4,8 bilhões ao País, com avanço de 31,5% sobre o mesmo período de 2015. Apenas em agosto o crescimento foi de 88,6%, para US$ 822 milhões. Com açúcar refinado, as empresas brasileiras faturaram US$ 1,2 bilhão no acumulado do ano, alta de 12%, e US$ 307,8 mil em agosto, 178% maior.
O açúcar teve recuo de preços significativo nos últimos anos na Bolsa de Nova York. A cotação, que estava em 33,8 centavos de dólar por libra-peso em janeiro de 2011, caiu para 10,64 centavos por libra-peso em agosto do ano passado. No começo de setembro de 2016, o valor já estava em 22,89 centavos por libra-peso.
Fonte: ANBA