Após 15 anos de superávits, Brasil poderá voltar a ter deficit no comércio bilateral com a Argentina

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Da Redação

Brasília – Terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China e dos Estados Unidos, a Argentina acumula desde o ano de 2004 sucessivos déficits no comércio com seu principal parceiro em todo o mundo. Entretanto, é bem provável que este ano a era marcada por 15 anos consecutivos de superávits para o Brasil chegará ao fim e a Argentina voltará a ser superavitária nas trocas comerciais com os brasileiros, resultado que aconteceu pela última vez no ano de 2003.

De janeiro a agosto, o Brasil exportou bens no valor total de US$ 6,678 bilhões e importou produtos argentinos no montante de US$ 7,038 bilhões e a balança comercial bilateral proporcionou à Argentina um saldo de US$ 260 milhões.  No mesmo período de 2018, o  Brasil tinha acumulado um superávit de US$ 4 bilhões.

Esse resultado deveu-se, principalmente, a uma forte retração de 40,06% nas exportações brasileiras, comparativamente com o mesmo período de 2018. Em contrapartida, apesar de também terem recuado, as vendas argentinas caíram num ritmo mais suave, de apenas 3,91%.

Segundo o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, de janeiro a agosto as exportações para o país vizinho caíram 40,06%, puxadas por uma redução ainda maior, da ordem de 53,1%,  nas vendas de automóveis, isoladamente o principal produtos embarcado pelo Brasil para a Argentina, responsável por 21% de todo o volume embarcado para o país vizinho.

Para o presidente da AEB, essa situação não deverá se modificar no curto prazo. Pelo contrário, com o recrudescimento da aguda crise econômica que atinge a Argentina, com escassez de dólares, aumento de falência de empresas, inflação galopante, a tendência é de que o quatro interno argentino se deteriore ainda mais, com profundos reflexos no comércio exterior do país como um todo e nas relações com o Brasil em especial.

Nesse cenário, José Augusto de Castro afirma que “a tendência é que esses números piorem, porque, antes, o Brasil vendia ou não para a Argentina por uma questão de mercado e agora a questão é de pagamento”

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, o fluxo de comércio com a Argentina não só ficará muito distante da cifra recorde registrada em 2011, quando as trocas bilaterais totalizaram US$  39,616 bilhões (com exportações brasileiras de US$  22,709 bilhões e vendas argentinas totalizando US$ 16,906 bilhões) como poderá se aproximar  de um número próximo daquele registrado em 2006, ano em que o volume do comércio bilateral somou  pouco mais de US$ 19, 7 bilhões, o menor volume comercializado pelos dois países nos últimos treze anos.

 Os números da Secex mostram quedas expressivas nas exportações brasileiras em todas as três categorias por valor agregado. A maior retração atingiu exatamente os produtos industrializados, de maior valor agregado e item principal na pauta exportadora brasileira para o país vizinho. Até agosto, as vendas desses produtos geraram uma receita de US$ 6,1 bilhões e foram responsáveis por 90,0% de todo o volume exportado. Quedas igualmente significativas foram registradas nos embarques de produtos semimanufaturados (32,2%), que fizeram as exportações do segmento despencar para pouco mais de US$ 195 milhões, e também nos embarques de produtos básicos (queda de 28,1% para US$ 483 milhões).

Dos cinco principais produtos exportados este ano para a Argentina, todos, sem exceção, amargaram quedas expressivas. Além dos automóveis (retração de 53,1%), foram registrados recuos nas exportações de partes e peças para automóveis e tratores (28,9%), demais produtos manufaturados ( 25,5%), veículos de carga (71,4%) e minérios de ferro (20,7%).

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