Analistas acreditam que balança voltará a ser positiva em abril, com exportações da safra 2014

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São Paulo – O preço baixo das commodities e o aumento nas importações de petróleo são os principais motivos pelo mau desempenho da balança comercial brasileira em janeiro e fevereiro. Nos dois meses, o déficit chega a US$ 6,1 bilhões, valor 15% superior aos US$ 5,3 bilhões de perdas que o País acumulava nos dois primeiros meses de 2013, quando despesas da Petrobras ainda referentes a 2012 ampliavam o volume importado. 

Ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e sócio da Barral M. Jorge Consultores Associados, Welber Barral afirma que o Brasil ainda não começou a exportar a safra agrícola de 2013/2014, o que deverá ocorrer só em abril e, a partir daquele mês, melhorar o desempenho das exportações brasileiras.

“Esse desempenho da balança já era esperado para o começo do ano. A safra ainda não começou a ser exportada. O resultado deverá melhorar quando começar a ser embarcada, em abril. Mesmo assim, a receita obtida com as exportações vai depender do preço das commodities”, afirmou Barral.

Presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, afirmou que o preço das commodities em baixa nos últimos anos e o aumento das importações brasileiras de petróleo e derivados contribuíram para o desempenho da balança comercial.

Segundo Castro, existia uma tendência de queda para o preço da soja, no entanto, contratos futuros do grão já estão sendo negociados com valorização. O café acumula altas de 70% no mercado futuro e o açúcar, de 20%. Já as cotações para o minério de ferro são de desvalorização.

De acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade São Paulo (CEPEA-USP), a cotação da soja estava em US$ 29,94 em fevereiro de 2013, caiu para US$ 28,87 em fevereiro deste ano. Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), a saca de 60 quilos já é negociada a US$ 31,30 para maio. Já o café foi negociado a US$ 142,6 em fevereiro do ano passado e a US$ 190,58 no mesmo mês deste ano, segundo dados do CEPEA. Os contratos para setembro são celebrados a US$ 243 por saca de 60 kg, segundo dados da BM&F .

Previsões

Castro afirmou que ainda é difícil fazer previsões sobre o resultado que a balança comercial terá no fim deste ano. “Em tese, seria uma tendência de déficit, mas é cedo para falar. Há muitas notícias negativas e positivas e o mercado varia muito com elas. Neste mês, por exemplo, o preço das commodities está em elevação. No entanto, no ano passado, o Brasil contabilizou sete plataformas de petróleo na conta das exportações, que somaram US$ 7 bilhões. Neste ano serão só duas plataformas”, afirmou.

No ano passado, o governo contou como exportação plataformas que foram produzidas no país, revendidas a empresas no exterior e alugadas para ser operadas no Brasil pela Petrobras.

Barral observou que, apesar de este déficit de começo de ano já ser esperado, ele representa uma conjuntura da economia brasileira nos últimos anos. “Alguns dos motivos que resultaram neste desempenho são a queda nos preço das commodities, o aumento das importações que não foi seguido no mesmo ritmo pelas exportações e o peso do petróleo, que é muito grande. O país aumentou muito sua importação de petróleo e derivados”, disse.

Fonte: ANBA

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