Da Redação
Brasília – As exportações brasileiras podem ter uma queda da ordem de 15% e as importações devem recuar 20% este ano, o que fará com que os números do comércio exterior retornem aos patamares registrados em 2007 ou 2008, pelos valores totais. A projeção foi feita pelo presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, numa avaliação sobre as perspectivas do comércio exterior brasileiro sob os efeitos da pandemia de Covid-19.
José Augusto de Castro comentou as estimativas apresentadas no início do mês pelo chefe do Departamento de Estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, que previu uma queda de 11% nas exportações e uma contração de 13% na importações, além de projetar um superávit de US$ 46,6 bilhões para a balança comercial em 2020.
Segundo ele, “pessoalmente acho que é um número muito otimista. Acho que as importações vão ter uma queda muito mais forte, de pelo meno 20%, as exportações deverão ter uma queda em torno de 15%”.
Quanto ao superávit da balança comercial, o presidente da AEB afirmou que “ainda não calculei, pois se eu fizer o cálculo neste momento não terei uma base sólida e irei errar. . A AEB somente deverá divulgar sua revisão dos dados do comércio exterior no mês de julho”.
José Augusto de Castro discordou das projeções da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que projeta um saldo comercial em torno de US$ 17 bilhões a US$ 19 bilhões: “ em um primeiro momento achei que era um superávit muito alto. Agora estou achando que essa é uma previsão de superávit muito baixa. Porque tudo indica que a importação vai cair muito. Se cair, realmente se terá um superávit mais elevado por conta da queda na importação e não devido a um aumento da exportação”.
José Augusto de Castro justifica a prudência ao evitar projeções mais categóricas sobre o desempenho do comércio exterior brasileiro afirmando que “o mundo está em forte ebulição, a pandemia seguramente preocupa muito a todos os países, exceto à China, e todos eles vão ter uma forte queda da atividade econômica que varia muito de país para país. Em alguns casos já se fala em queda do Produto Interno Bruto (PIB) de até 30%”.
O presidente da AEB ressalta que “a pandemia já está afetando muito o comércio internacional. O mundo vive hoje um grande dilema. Muitos países querem vender e poucos querem ou podem comprar. Nesse contexto, existem pressões fortíssimas sobre os preços. Além disso, o preço do petróleo desabou. Antes estava em US$ 70 e hoje caiu para algo em torno de US$ 30. Esse preço do petróleo sustentava muitas economias do Oriente Médio, algumas da África e da América Latina também. Com a queda na cotação da commodity, esses países tiveram reduzido o seu poder de compra. E a concorrência vai se acirrar ainda mais porque poucos querem comprar e todos querem vender”.