Da Redação (*)
Brasília – A balança comercial brasileira deverá fechar o ano de 2013 com um superávit de US$ 704 milhões e em 2014 o saldo poderá chegar a US$ 7,223 bilhões, segundo estimativa divulgada hoje (17) por José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
A previsão feita pela AEB prevê queda tanto nas exportações (-0,4%) quanto nas importações (-3,1%). As vendas externas devem totalizar US$ 239,053 bilhões (ante US$ 239,904 bilhões projetados para 2013). Já as importações poderão totalizar US$ 231,830 bilhões (ante US$ 239,200 bilhões previstos para 2013).
Segundo José Augusto de Castro, o superávit na balança somente será possível graças a um aumento expressivo nas exportações de petróleo em bruto (+49,6% em 2014 se comparados com os números de 2013, proporcionando uma receita da ordem de US$ 19,200 bilhões contra US$ 12,838 bilhões em 2013) e de carne bovina (aumento das vendas externas de 16,2%, totalizando US$ 6,210 bilhões, contra US$ 5,343 bilhões que devem ser exportados em 2013) e carne suína (+16,1% em 2014 criando uma expectativa de receita da ordem de US$ 1,427 bilhão, contra US$ 1,227 bilhão previstos para serem exportados este ano).
Na outra ponta, a previsão é de uma queda expressiva (-55,9%) nas vendas externas de milho em grão, que passariam dos US$ 6,130 bilhões exportados em 2013 para US$ 2,700 bilhões no próximo ano. O levantamento da AEB prevê também retração nas exportações de minério de ferro (-3,1%), soja em grão (-7,7%), carne de frango (-8,1%) e café em grão (-10,6%).
A terceira e última estimativa divulgada pelo presidente da AEB volta a registrar expectativa de superávit para a balança comercial brasileira. A primeira previsão, feita no dia 18 de dezembro de 2012, indicava para 2013 exportações no montante de US$ 239,690 bilhões e importações de US$ 225,070 bilhões, gerando um saldo positivo de US$ 14,260 bilhões. No dia 7 de julho deste ano o presidente da AEB divulgou novo estudo estimando exportações de Us$ 230,511 bilhões e importações no total de US$ 232,519 bilhões, o que acarretaria um deficit histórico de US$ 2,008 bilhões. Na terceira e última estimativa, a AEB aposta num saldo positivo da ordem de US$ 704 milhões.
Dados e cenários considerados nas projeções para 2014
De acordo com o levantamento divulgado pela AEB, em 2014, uma vez mais, haverá incerteza e volatilidade no comércio exterior, com as exportações de commodities, que representam mais de 63% da pauta de exportação, podendo ser impactadas pela provável retirada dos estímulos financeiros pelo FED ( o Banco Central dos Estados Unidos), pelas reformas estruturais e crescimento econômico da China, pelas super safras mundiais de soja, milho, café, açúcar, etc, e pelo comportamento da economia europeia.
Indicadores de mercados, presente e futuro, mostram as commodities com viés de baixa contínua e suave, porém, sinalizando manutenção das quantidades embarcadas em 2013, exceto petróleo, com forte alta, e milho, com forte queda.
A previsão de taxa média de câmbio superior ao patamar vigente em 2013 não impactará a competitividade das exportações de commodities, mas sim sua rentabilidade, que têm suas cotações fixadas pelo mercado internacional.
Em contrapartida, produtos manufaturados serão influenciados pela maior taxa cambial, porém, a retração e restrição em mercados de destino (Argentina e Venezuela) poderão limitar os benefícios propiciados pela maior competitividade.
A lenta recuperação da economia dos Estados Unidos, que absorve 10% de nossas exportações, não necessariamente vai gerar expansão das exportações para aquele mercado, além de serem concorrentes de nossas principais commodities, especialmente do agronegócio.
Em 2014, as exportações estão projetadas em US$239,053 bilhões, queda de 0,4% em relação a 2013, e as importações em US$231,830 bilhões, queda de 3,1%, com superávit de US$7,223 bilhões, aumento de 926%, considerando-se os seguintes cenários: – taxa cambial deverá oscilar entre R$2,25 e R$2,50, podendo gerar competitividade na exportação de manufaturados em alguns setores, porém, eventualmente sem viabilizar vendas;
– neste intervalo da taxa de câmbio, algumas importações de produtos manufaturados deverão ser afetadas, enquanto outras ainda vão permanecer atraentes, sob o aspecto custo;
– elevação do PIB em 2,3% e contribuição positiva do comércio exterior;
– redução do ritmo de expansão do volume de crédito doméstico para consumo, elevação do nível de inadimplência e crescimento do consumo das famílias em até 2%;
– redução das importações decorrerá de elevação da taxa cambial, do baixo crescimento do PIB e da diminuição dos gastos com petróleo e derivados;
– aumento do quantum exportado de petróleo compensará queda de cotação das commodities.
Particularidades sobre o comércio exterior brasileiro em 2014 minério de ferro deverá continuar como maior item de exportação, com US$ 31 bilhões;
Commodities manterão participação superior a 63% na pauta de exportação, mesmo com quedas de cotação e elevação da taxa cambial, insuficiente para ampliar os manufaturados;
Quedas nas exportações e importações em 2014 reduzirão em 1,7% a corrente de comércio, caindo de estimados US$479,1 bilhões em 2013 para US$470,9 bilhões em 2014.
(*) Com informações da AEB