Abiec divulga carta em resposta a críticas da UE à pecuária brasileira

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Em carta publicada no site da Abiec, Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, Otávio Cançado, diretor executivo da entidade, responde à uma carta publicada no site thecattlesite.com, onde Michael Doran, chairman do Comitê de Pecuária da Irish Farmers Association, afirma que a Comissão Europeia deve reforçar as barreiras contra a carne brasileira, que não cumpre as normas fundamentais em rastreabilidade, segurança alimentar, controles de saúde animal e regras ambientais.

Cançado classifica os pecuaristas irlandeses como “setor mais atrasado e subsidiado da economia europeia” e lembra que a Irlanda apresentou o pior resultado fiscal do mercado Europeu “a Irlanda teve em 2009 um déficit de 14,3% do PIB, quase cinco vezes acima do limite estabelecido pela UE” afirma no documento.

Na carta entitulada “A síndrome de Walshe”, o diretor executivo da Abiec, afirma que “os argumentos e acusações de Michael Doran são tão patéticos quanto desgastados, repetindo de maneira piorada as bravatas do antigo presidente da IFA, Padraig Walshe”. “Em nota à imprensa, Michael Doran, Chairman do Comitê de Pecuária da Irish Farmers Association noticiou que Ministro teria “falhado em sua missão”. Declarou ainda que: A Comissão da União Europeia não pode permitir que o Ministro da Agricultura brasileiro venha ditar os padrões a consumidores e produtores europeus.

Também disse que os relatórios da Food and Veterinary Office repetidamente provaram que as autoridades brasileiras falharam em assegurar as demandas européias para a carne exportada, e que por isso seria inaceitável que os brasileiros passassem a gerenciar a lista Traces de fazendas aprovadas para a exportação. Doran também diz que a UE não deve tolerar “dois pesos e duas medidas” (Double Standards) nos critérios para a importação da carne brasileira.”

A carta da Abiec afirma no entanto que “O Ministro Rossi nunca “falhou” em sua missão, que era a de aprofundar relações iniciando um diálogo franco e aberto nas negociações comerciais entre o Brasil e a Europa”, e segue dizendo ” Entre 2009 e 2010, o Brasil foi visitado por nada menos que sete missões do FVO que reconheceu em sua última visita um “sensível avanço do Brasil na área sanitária. Comparativamente, os resultados de recentes missões do FVO em estados membros da UE têm mostrado a persistência de problemas sanitários em território comunitário, especialmente aqueles vinculados ao controle de enfermidades animais e o cumprimento de normas sanitárias e de higiene na produção de alimentos.”

Quanto aos dois pesos e duas medidas, Cançado sugere que Michael Doran explique “porque a carne irlandesa, que teve 1.646 casos de vaca louca desde 1988 (quase 100 de 2006 até hoje) é mais segura do que a brasileira, onde nenhum caso da doença jamais foi registrado”.

Em relação à Febre Aftosa, o documento aponta que “o último foco brasileiro foi em 2005, na fronteira entre Brasil e Paraguai. Os estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná (uma área equivalente às superfícies de França e Inglaterra somadas), foram embargados para a exportação à Europa, e resultaram em severas restrições à exportação brasileira, impostas no fim de 2007. Em compensação, os focos de aftosa registrados no Reino Unido em 2007, tiveram a comercialização de sua carne surpreendentemente liberada no espaço de poucas semanas”.

“Agora uma nova arma de propaganda antibrasileira se junta ao arsenal de desserviços prestados pela IFA”, continua a carta, “subitamente, os fazendeiros irlandeses parecem ter se convertido em militantes ambientalistas prontos a defender as florestas tropicais e o clima do planeta. Segundo Michael Doran, a Europa não pode ignorar o massivo dano ambiental da destruição de florestas associada ao aumento das exportações de carne brasileira, contrariando a política da UE de proteção ao meio ambiente. Mais uma vez, o diretor executivo da Abiec espeta o presidente do Comitê de Pecuária da IFA, “Doran poderia dar uma olhada na manchete de 23 de julho do The Guardian: “Desmatamento na Amazônia em franco declínio”.

“De fato, pelo segundo ano seguido batemos um recorde de queda dos índices de desmatamento, resultado de melhoras na fiscalização do poder público brasileiro e de iniciativas privadas, como o controle que a indústria frigorífica vem realizando sobre a cadeia de fornecimento”, e encerra o documento afirmando: “O Brasil é o segundo país do mundo em cobertura florestal nativa, com 440 milhões de hectares de florestas, o que corresponde a 69,5% de sua cobertura florestal original. A Europa tem 0,3% de suas florestas originais preservadas.”

Fonte: Abiec

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