Novo Hamburgo – A Copa do Mundo no Brasil, iniciada ontem (12), não trará boas lembranças para os calçadistas brasileiros. Se, dentro do campo, existe grande possibilidade do Brasil ser campeão, fora dele a situação é inversa, ao menos para os exportadores de calçados. Dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontam para uma queda de 15,1% na balança comercial de calçados nos primeiros cinco meses de 2014. “Levando em consideração que o ano de 2013 foi ruim para os calçadistas, a situação se torna ainda mais grave”, lamenta o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein.
Em maio foram embarcados 9 milhões de pares que geraram US$ 79 milhões, valor 8,3% menor do que o registrado no mesmo mês do ano passado. De janeiro a maio deste ano, a exportação de 55,5 milhões de pares por US$ 439 milhões é 3,6% menor em dólares e 5,6% superior em volume no comparativo com mesmo período de 2013, quando foram embarcados 52,5 milhões de pares por US$ 455,5 milhões. O fato é explicado pela queda de 8,7% no preço médio do produto exportado, que foi de US$ 8,63.
Já a importação de 2,5 milhões de pares, a maioria de calçados esportivos, pelos quais foram pagos US$ 44,3 milhões, indicam mais um incremento de compras externas no período. No mês, as importações foram superiores 15,2% relação a maio do ano passado. Nos primeiros cinco meses deste ano entraram no Brasil 18,2 milhões de pares por US$ 255 milhões, 6,8% mais do que no mesmo período do ano passado (US$ 238,7 milhões).
Estados
Mesmo em queda, o Rio Grande do Sul segue sendo o principal exportador de calçados em receita gerada. Nos primeiros cinco meses de 2014 os gaúchos embarcaram 7 milhões de pares que geraram US$ 152 milhões. O valor, porém, é 5,1% menor do que o auferido no mesmo período de 2013 (US$ 160,2 milhões).
O Ceará, maior exportador de calçados em volume, embarcou 21,7 milhões de pares nos cinco primeiros meses, o que gerou US$ 123,8 milhões, 1,6% mais do que no mesmo período do ano passado (US$ 121,8 milhões).
Pela segunda vez consecutiva no ano, o estado de São Paulo, terceiro maior exportador de calçados, registrou queda. Em maio, os paulistas registraram uma queda de 23,5% nas exportações, o que determinou um arrefecimento do desempenho nos cinco meses deste ano. Entre janeiro e maio os paulistas embarcaram 5,3 milhões de pares por US$ 64,2 milhões, valor 6% maior do que o auferido no ano passado (US$ 60,6 milhões).
Destinos
Entre janeiro e maio deste ano, os principais destinos foram Estados Unidos (US$ 72,15 milhões, incremento de 3,1%), Angola (US$ 26,57 milhões, incremento de 31%) e Argentina (US$ 25,6 milhões, queda de 45,4%).
Para o presidente-executivo da Abicalçados, a queda do mercado argentino tem sido determinante para o desempenho negativo das exportações. “Infelizmente, a Argentina segue criando entraves para as nossas exportações. Existe uma demanda muito grande pelo produto brasileiro, mas que não é atendida por conta das barreiras protecionistas criadas pelo governo de Cristina Kirchner”, ressalta Klein, acrescentando que, ao passado que o Brasil perde força naquele mercado, a China ganha espaço. Nos primeiros cinco meses do ano as importações argentinas de calçados de outros países, especialmente da China, cresceram 8,7%.
Por outro lado, a boa notícia vem da África. “O mercado angolano vem ganhando força para os produtos brasileiros, embora com calçados de menor agregação de valor, especialmente chinelos e injetados a um preço médio de menos de US$ 4”, explica o dirigente.
A Copa das importações
Os dados elaborados pela Abicalçados confirmam a tendência do aumento das importações de calçados, especialmente de esportivos, que tiveram um incremento de 50,6% (de US$ 83,5 milhões para US$ 125,85 milhões) entre janeiro e maio no comparativo com o mesmo período de 2013. “As importações dos calçados esportivos já representam quase 50% do total. Ano passado representavam 35%”, comenta Klein.
“É lamentável que, ao mesmo tempo em que os calçados brasileiros perdem competitividade no mercado internacional por questões macroeconômicas e também por problemas internos relacionados ao nosso custo de produção, as importações aumentem. Estamos perdendo mercados no exterior e no âmbito doméstico, o que já reflete numa queda de 7% na produção de calçados até abril”, avalia o executivo.
Os principais vendedores de calçados para o Brasil no período foram o Vietnã (US$ 150,24 milhões, aumento de 20,2%), Indonésia (US$ 44,7 milhões, aumento de 20%) e China (US$ 27,7%, queda de 6,7%).
Já em partes de calçados – cabedais, solados,saltos, palmilhas, entre outras – foi registrada queda de 8% nas importações (de US$ 7,5 milhões para US$ 7 milhões).
Dados mais detalhados sobre a balança comercial de calçados podem ser acessados no site da Abicalçados.
Fonte: Abicalçados