Da Redação (*)
Brasília – A sobretaxa de 50% para produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos deve impactar a indústria calçadista nacional, que tem naquele país o seu principal destino das exportações. Conforme levantamento realizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), quase 80% das empresas exportadoras consultadas relataram impactos em decorrência da tarifa adicional. Segundo o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, o fato do impacto direto na exportação corrobora a necessidade de medidas de caráter emergencial para a preservação dos empregos e das empresas calçadistas nacionais. “Entre os impactos já relatados há atrasos ou paralisação em negociações, queda do faturamento em decorrência da medida e cancelamento de pedidos, parte, inclusive, já produzidos ou em produção”, alerta. Empregos ameaçados Entre os impactos esperados, para os próximos meses, caso não haja uma solução para o impasse, está a perda de cerca de 8 mil postos diretos no setor. Somando os postos indiretos, via cadeia produtiva, do fornecedor de materiais ao varejo, esse impacto pode chegar aos 20 mil empregos. “Estimamos, nos próximos 12 meses, uma queda de 9% nas exportações, queda que será puxada pelos Estados Unidos”, lamenta Ferreira. Historicamente o principal destino internacional do calçado brasileiro, os Estados Unidos respondem por mais de 20% do valor total gerado pelas exportações do setor. Apesar do cenário internacional adverso, a Abicalçados reporta que o setor vinha, ao longo do ano, recuperando as exportações de calçados aos Estados Unidos. No primeiro semestre de 2025, o Brasil exportou 5,8 milhões de pares de calçados àquele país, 13,5% mais do que no mesmo intervalo de 2024. Com a sobretaxa de 50% o ciclo será interrompido, com efeitos econômicos e sociais importantes para o Brasil. |