Brasília – Apesar da recessão econômica que o Brasil vive, o setor agropecuário é um dos poucos que tem sustentado índices de crescimento positivos no país. A atividade agropecuária responde por 21% do Produto Interno Bruto (PIB), 27% dos empregos e 43% das exportações.
Para Bruno Lucchi, superintendente técnico da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o caminho da agropecuária para chegar nesses indicadores, que são de extrema importância para o país, foi baseado em três pilares: crédito rural, assistência técnica e pesquisa envolvendo a tecnologia. “Apesar de termos grandes instituições de pesquisa, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a tecnologia está atrelada ao crédito”, observou o superintendente.
Discussões sobre o assunto ocorreram durante o seminário Financiamento da Agropecuária, que na quinta (30) e sexta-feira (31) debateu assuntos de importância para o setor, no Hotel Kubistheck Plaza, em Brasília, com organização da ABDE.
O Superintendente da CNA, Bruno Lucchi, acrescentou que estudo recente do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (CEPEA/USP) mostrou que o crescimento do PIB brasileiro está atrelado ao crescimento da produtividade agropecuária como um todo.
“E o crescimento do setor tem grande correlação com o credito rural. Então é extremamente necessário discutir o uso correto desse recurso para que se cumpram todos seus objetivos de chegar ao produtor, para que ele posa usar, manter os níveis tecnológicos e incrementar sua atividade”.
O presidente Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), Milton Luiz de Melo, observa que na década de 80, considerado por ele um período rico para a agropecuária brasileira, os financiamentos traziam recursos com baixos juros, fator que contribuiu para a profissionalização do setor, que hoje traz índices positivos. “Mas ainda enfrentamos muito desafios, principalmente com os altos juros dos créditos. É preciso debater e trazer soluções para os entraves ao crescimento do setor”, disse.
Para ilustrar melhor sua fala, Melo mostrou exemplos de como o setor cresceu: No início dos anos 2000, o Brasil rompeu a barreira de 100 milhões de toneladas de grãos produzidos. A safra atual deve ultrapassar 200 milhões de toneladas de grãos. Na mesma época, a produtividade era 2.600 kg por hectare. Hoje são 3.600 Kg por hectare. Em 2000, foram disponibilizados aproximadamente de R$ 16 bilhões para o crédito rural. Este ano, mais de R$ 180 bilhões.
“O Brasil é visto como o maior produtor de alimentos do mundo. Tudo isso se deve aos investimentos dos anos 80. Temos que trabalhar e levar subsídio para as autoridades que fazem política econômica no País”, finalizou.
O representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no Brasil, Juan Carlos de La Hoz, comentou que a América Latina, principalmente o nosso país, é um celeiro mundial, pois tem 12% da água doce do mundo, muitas terras cultiváveis e uma exportação crescente de alimentos para o mundo.
“Lançaremos em setembro deste ano o Agrolac 25, um financiamento que visa aumentar o acesso dos agricultores aos mercados nacionais, regionais e internacionais e melhorar a sua capacidade de se adaptar às mudanças climáticas”, afirmou.
La Hoz observou que o objetivo é ajudar o Brasil a ampliar o potencial para a segurança alimentar mundial, já que em 2050 serão mais de nove bilhões de pessoas no mundo. “As instituições financeiras tem um papel de gestão de riscos financeiros, disponibilizando crédito. Estamos facilitando nosso papel de intercâmbio de boas práticas. No caso do Brasil, com sua potencialidade”. O evento se encerrou na sexta-feira (31).