Da Redação
Brasília – Afetadas pela delicada situação econômica da Rússia, as exportações brasileiras para o país desabaram 44,28% no mês de novembro e devem prosseguir em trajetória de queda em dezembro, segundo avaliam analistas do comércio exterior. Entretanto, apesar da forte queda em novembro, no acumulado do ano as exportações para a Rússia totalizaram US$ 3,563 bilhões, um aumento de 32,89% em comparação com igual período de 2013. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Enquanto as exportações brasileiras caem, as vendas russas para o Brasil tiveram um aumento de 9,74% e somaram US$ 2,738 bilhões. No ano, a balança comercial bilateral proporcionou ao Brasil, até o mês passado, um superávit de US$ 824 milhões. Em todo o ano de 2013, o saldo brasileiro foi de US$ 298 milhões.
Até meados do mês de novembro, as exportações para a Rússia foram puxadas principalmente pelas carnes de bovino e suínos. E mesmo com a queda registrada nas últimas semanas do mês, as vendas de carne bovina geraram receita de US$ 1.236 bilhão e participação de 34,68% em todo o volume exportado para o país. Em 2013, até o mês de novembro, as exportações do produto atingiram a cifra de US$ 1.070 bilhão.
Aumentos bem mais expressivos foram registrados nas exportações de carne suína e de frango. As vendas de carne suína cresceram 117,20% no período janeiro/novembro de 2014 em comparação com o ano de 2013 e somaram US$ 737milhões, conra US$ 339 milhões no ano passado. Enquanto isso, as exportações de carne de frango passaram de US$ 132 milhões no ano passado para US$ 290 milhões este ano, um salto de 120,43%.
A forte queda das exportações de carnes para a Rússia iniciada a partir de meados do mês de novembro e agravada nas semanas subsequentes, deverá acentuar-se ainda mais neste mês de dezembro. Antes do início do período de baixa, as exportações foram beneficiadas pelo embargo imposto pela Rússia às importações de alimentos dos Estados Unidos e da União Europeia em retaliação ao embargo decretado contra a Rússia por americanos e europeus devido à crise na Ucrânia.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do MDIC, as exportações de carne bovina para a Rússia em novembro somaram 14,8 mil toneladas, queda de 59,69% se comparadas com as 36,7 mil toneladas vendidas aos russos no mês de outubro. E, ao que tudo indica, essa forte queda não foi algo excepcional mas é sinal de que a trajetória descendente continuará em dezembro e poderá prosseguir nos primeiros meses do próximo ano.
Ainda que em rítmo menos acelerado que aquele verificado nas exportações de carne bovina, as exportações de carne de frango e suína para a Rússia também caíram no mês de novembro. No caso do frango, a retração foi menos sentida porque os russos representam pouco mais de 3% das exportações totais do produto. E no caso da carne suína, embora a Rússia represente cerca de 50% das exportações nacionais, a indústria tem trabalhado com margens elevadas, devido ao cenário de escassez global de animais para abate. Mesmo assim, a tendência é de queda nas receitas geradas tanto pela carne de frango quanto pela suína.
Tendência de queda
Nos meios empresariais e no próprio governo cresce a preocupação quanto ao futuro das exportações de carnes para a Rússia. Isto se deve ao fato de que a crise econômica naquele país não para de se agravar e recentemente o governo em Moscou admitiu que o país caminha para uma recessão.
A economia russa vem sendo fortemente atingida pelo embargo imposto em decorrência do conflito na Ucrânia, pela forte desvalorização do rublo e pela queda de mais de 40% nos preços internacionais do petróleo nos últimos meses. Tudo isso somado levou o vice-ministro da Economia, Alexei Vedev, a declarar que já no primeiro trimestre de 2015 o país poderá mergulhar em sua primeira recessão desde 2009.
Quando esse cenário começava a se delinear na economia russa, Sérgio Rial, CEO da Marfrig, a terceira maior exportadora de carne bovina do país, atrás da JBS e Minerva Foods, afirmou: “Esquece a Rússia no quarto trimestre”.
Hoje, tanto empresários quanto fontes do governo já admitem que a crise nas exportações de carne –e não apenas bovina- para a Rússia pode estar apenas começando e que talvez já se possa começar a pensar em esquecer também do primeiro trimestre de 2015.
