Brasília – As medidas de apoio ao setor cafeeiro, anunciadas pelo governo, atendem às reivindicações do produtor de forma emergencial, em razão da crise decorrente da queda acentuada nos preços da saca do grão, inferiores aos custos de produção. “Foi um pacote positivo que terá reflexo no mercado. O próximo passo, agora, é dialogar com o governo para solucionar, de forma definitiva, outros gargalos que afetam a atividade”, disse o presidente da Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Mesquita.
Mesquita esteve em Varginha (MG), nesta quarta-feira (7/8), para acompanhar o anúncio do pacote de medidas, feito pela presidente Dilma Rousseff. Uma delas foi a aprovação do lançamento de contratos de opção de venda de três milhões de sacas, com preço de referência de R$ 346/saca, com vencimento em março de 2014. “O valor foi menor do que aquele que pedimos, de R$ 360/saca. Mas fomos atendidos na quantidade de sacas que farão parte dos contratos de opção”, observou Breno Mesquita.
Segundo ele, com os contratos de opção, o cafeicultor terá duas alternativas para comercializar a safra. Se na época do vencimento do contrato, o valor de mercado da saca estiver abaixo do preço de referência, ele poderá vender o grão para o governo, recebendo do governo o valor anunciado hoje. Caso contrário, o produtor fica livre para comercializar o produto como quiser. A medida visa a dar sustentação aos preços do grão, vendido nos últimos meses abaixo do preço mínimo (R$ 307/saca) e dos custos de produção.
Os detalhes sobre as regras dos leilões de compra devem ser divulgados nos próximos dias. Além dos contratos de opção, haverá mais recursos para financiar a atividade. Neste contexto, o Conselho Deliberativo de Política Cafeeira (CDPC) aprovou hoje, em reunião extraordinária, a destinação de R$ 3,1 bilhões para as seguintes etapas de produção: estocagem (R$ 1,1 bilhão); custeio (R$ 650 milhões); aquisição de café (R$ 500 milhões); contratos de futuros e opções (R$ 50 milhões); recuperação de cafezais danificados (R$ 20 milhões) e capital de giro (R$ 800 milhões).
Os R$ 3,1 bilhões autorizados para as várias etapas da produção virão do Fundo de Defesa Economia Cafeeira (Funcafé). Outra medida adicional virá do Banco do Brasil, que vai disponibilizar R$ 1,6 bilhão para financiar a estocagem e a aquisição do grão pelo preço mínimo, além do capital de giro para compra do produto por indústrias de torrefação e moagem.
Apesar do pacote satisfatório, Breno Mesquita alertou para outros gargalos que têm prejudicado a produção e precisam de uma solução definitiva. Entre os principais, ele citou a necessidade de uma política para dar mais competitividade à cafeicultura de montanha. Falou, ainda, sobre a questão da regulamentação do café torrado e moído, as geadas ocorridas no Paraná e o endividamento dos cafeicultores, que ele classificou como “crônico”.
Fonte: Assessoria de Comunicação CNA