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Kellala: Argélia já tem acordo com Brasil
Juiz de Fora – A Argélia tem interesse em transferência de tecnologia do Brasil nas áreas de processamento e controle de qualidade de leite. A afirmação é de Mohamed Chafik Kellala, primeiro-secretário da embaixada argelina em Brasília, que visitou a sede da unidade de gado de leite da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), nesta quarta-feira (17), em Juiz de Fora, Minas Gerais.
“A Embrapa usa tecnologias modernas e a Argélia precisa de modernização da sua indústria. Já existe um acordo entre a Embrapa e o Instituto Nacional de Pesquisa Agrícola argelino, firmado em 2010, e nós precisamos dar força a esse acordo”, destacou o diplomata.
Criada em 1976, a Embrapa Gado de Leite possui 15 laboratórios e dois campos experimentais. Desde 2010, a empresa investiu R$ 14 milhões em projetos para melhoria da produção de leite no Brasil e prevê investimentos de mais R$ 2 milhões até o próximo ano.
No final de 2012, a Argélia lançou seu Programa Anual de Renovação Agrícola, que prevê que até 2014 o país tenha 1,2 milhão de vacas leiteiras. Para chegar a este número, os argelinos pretendem investir na importação de gado vivo.
“Vamos comprar muitas vacas no futuro. Precisamos ter parcerias com empresas brasileiras para fazer o processamento do leite, embalagens e tudo o mais. Queremos uma parceria de ganhos mútuos com o Brasil”, ressaltou Kellala.
Ele afirmou que outro tema importante para a Argélia é a cooperação na área de formação de profissionais de controle de qualidade. “Podemos fazer parcerias, por exemplo, entre laboratórios brasileiros e argelinos na área de pesquisa, para o controle de qualidade do leite”, completou.
Atualmente, a Embrapa recebe 40 mil amostras de leite por mês, de cerca de 400 associações de produtores fiscalizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Todas as amostras são submetidas a testes para a detecção de bactérias e outros organismos que possam afetar a qualidade do produto.
Missão à Argélia
A visita de Kellala e de importadores de alimentos à Embrapa foi uma das ações do Projeto Setorial de Promoção de Exportação de Produtos Lácteos (PS-Lácteos), organizado em parceria pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). A programação desta semana termina nesta quinta-feira (18) e tem como foco principal a feira Minas Láctea, que ocorre esta semana em Juiz de Fora.
Gustavo Beduschi, analista da OCB e gerente do projeto, conto que as empresas participantes do PS-Lácteos definiram a realização de uma missão à Argélia em novembro deste ano. O Brasil já foi um dos principais fornecedores de leite em pó para o país do Norte da África, mas as exportações do produto aos caíram nos últimos anos.
Para se ter uma ideia, os argelinos não importaram lácteos brasileiros no primeiro semestre de 2013, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). No mesmo período de 2008, ano em que os embarques do setor para lá começaram a cair, o total comercializado foi de quase US$ 14 milhões. O melhor ano deste comércio foi 2007, quando as exportações do Brasil ao mercado argelino ficaram próximas de US$ 55 milhões.
“Queremos contratar uma empresa de lá, com expertise em prospecção de mercado e visitar as empresas argelinas, saber o que elas querem, o que elas vendem e o que nós temos de oportunidade naquele mercado”, explicou Beduschi.
Os participantes do projeto decidiram também participar da próxima edição da Gulfood, maior feira de alimentos do Oriente Médio, que acontece anualmente em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. “O grupo mostrou interesse em estar presente com estande na Gulfood em 2014. Vamos ver se ainda há espaço para ter um estande dos lácteos”, contou o executivo. Caso não consigam estabelecer um espaço próprio na mostra, as empresas devem organizar uma missão comercial ao evento.
Durante a Minas Láctea, alguns dos participantes do projeto puderam apresentar seus produtos ao gerente de produção do grupo Barakat International, de Dubai, Ismeer Shalaldeh, e analisar as oportunidades de exportação aos países árabes.
“Eles (os representantes das empresas) estão vendo muito boas oportunidades de negócios. Eles me disseram que estão vendo boas oportunidades tanto para o Oriente Médio quanto para a América Latina. Eles ficaram muito satisfeitos com essa primeira ação do projeto”, afirmou Beduschi. Criado no final de 2012, o PS-Lácteos espera aumentar as exportações do setor em 30% até 2014.
Fonte: ANBA