Da Redação
Brasília – A balança comercial brasileira poderá fechar o ano de 2013 com um deficit de US$ 2,008 bilhões, segundo estimativa feita pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) divulgada hoje (17) pelo presidente da instituição, José Augusto de Castro. O último ano em que as contas do comércio exterior do País fecharam no vermelho foi 1995, quando as importações superaram as exportações em US$ 3,4 bilhões.
No dia 18 de dezembro de 2012, a AEB fez uma projeção para a balança comercial brasileira estimando que o País alcançaria este ano um superávit de US$ 14,620 bilhões. Sete meses depois, o presidente José Augusto de Castro divulgou a revisão dessa estimativa indicando uma grande reversão das expectativas e apontando para um saldo negativo de mais de US$ 2 bilhões.
De acordo com José Augusto de Castro, “o deficit previsto será consequência da queda generalizada das exportações tanto de produtos básicos, quanto industrializados e operações especiais. No total, as vendas externas do País podem ter uma redução de 5,0%, passando de US$ 242,580 bilhões em 2012 para US$ 230,511 em 2013. Do lado das importações, um aumento de 4,2%, passando dos US$ 223,149 bilhões importados em 2012 para US$ 232,519 comprados ao exterior este ano. Vale registrar que as importações cresceram em todos os tipos de bens: bens de capital (+5,7%), matérias-primas/produtos intermediários (+3,2%), bens de consumo não duráveis e duráveis (+0,5%) combustíveis/lubrificantes (+9,2%)”.
Imprevisibilidade
O presidente da AEB ressalta que “a redução das exportações deve-se à aceleração da queda das cotações das commodities em geral, aliada à diminuição do volume de petróleo, óleos combustíveis, milho e algodão, em contrapartida à tendência de menor ritmo de crescimento das importações, decorrente da perspectiva de redução do consumo interno e de patamar mais elevado da taxa cambial”.
José Augusto de Castro ressalta ainda que os dados projetados para a balança comercial em 2013 podem ser afetados, para mais ou para menos, por uma série de fatores difíceis de se quantificar com precisão. Entre esses fatores, ele enumera:
-atual nível da taxa de câmbio e seus reflexos sobre as importações;
– baixo crescimento do PIB e reflexos nas importações e/ou exportações;
– desaceleração econômica da China e impacto nas cotações das commodities;
– eventual redução de incentivos à economia dos Estados Unidos e seus possíveis impactos nas cotações das commodities e na taxa de câmbio;
– redução do superávit comercial da Argentina no primeiro semestre vai dificultar atingir suas metas, podendo ampliar controles e restringir suas importações em geral, afetando as exportações do Brasil;
– imprevisibilidade nas quantidades a serem exortadas de petróleo e derivados.
Viés de baixa das commodities
O presidente da AEB destacou ainda que “em 2013, a tradicional volatilidade das cotações das commodities está sendo substituída por um viés de baixa lenta e contínua, mesmo que sem redução, pelo menos por enquanto, do volume exportado. É também de se registrar a ainda elevada participação de 65% das commodities na pauta de exportação, fato que sujeita seus resultados a fatores fora de controle do Brasil, tornando instáveis os resultados da balança comercial”.
O estudo elaborado pela AEB revela que o minério de ferro permanecerá como principal produto da pauta de exportação, com valor projetado de US$ 31,587 bilhões, valor bem próximo dos US$ 30,989 bilhões apurados em 2012. Com isto, a participação do produto na pauta exportadora passaria de 12,8% em 2012 para 13,6% este ano.
Por outro lado, José Augusto de Castro revela que “o aumento verificado nas importações no primeiro semestre deve-se à menor taxa cambial vigente, à regularização dos registros de importação de petróleo e derivados, à expectativa de expansão do consumo interno e à manutenção do elevado custo Brasil, em contrapartida ao menor crescimento das importações previsto para o segundo semestre decorrente de patamar mais elevado da taxa cambial e sinais de redução do consumo interno”.
Ao concluir, o presidente da AEB faz uma ressalva: “essas projeções foram elaboradas com base no cenário atual, sujeito a oscilações, especialmente em caso de desaceleração do crescimento económico da China e aprofundamento da crise na União Europeia, principais regiões demandantes das commodities exportadas pelo Brasil”