Economista do banco de câmbio Moneycorp discute a valorização do dólar em relação ao real, impulsionada pela divulgação dos dados de inflação nos EUA e o aumento das expectativas de remessas de dividendos ao exterior
Da Redação
Brasília -“Pela manhã {da sexta-feira}, o mercado iniciou com leve queda do dólar, à espera dos dados de inflação e consumo nos Estados Unidos. No entanto, ao longo do dia, a divisa passou a sustentar valorização consistente, impulsionada pela divulgação do PCE nos EUA, cenário eleitoral brasileiro e aumento das expectativas de remessas de dividendos ao exterior”, afirmou Carolina Hackmann, economista do banco de câmbio Moneycorp.
O Bureau of Economic Analysis (BEA) divulgou hoje o PCE Price Index, principal indicador de inflação monitorado pelo Federal Reserve (FED). O índice avançou 0,3% em setembro, em linha com as expectativas. No núcleo, que exclui alimentos e energia, a alta foi de 0,2%. Em relação a setembro de 2024, o PCE acumula aumento de 2,8%. Os dados indicam leve melhora no quadro inflacionário, fortalecendo o dólar globalmente.
No cenário doméstico, a declaração do ex-presidente Jair Bolsonaro, indicando seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL), como candidato à Presidência em 2026, trouxe incertezas. O mercado teme divisão na direita e uma candidatura menos competitiva contra o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), elevando a percepção de risco e pressionando ativos locais. Esse movimento se soma à visão de fragilidade fiscal do governo atual.
Além disso, o dólar foi impulsionado pelo aumento das expectativas das remessas internacionais após empresas anunciarem antecipação do pagamento de dividendos. A medida busca evitar a tributação prevista para 2026, quando entra em vigor a reforma do Imposto de Renda, que estabelece alíquota mínima de até 10% para rendimentos acima de R$ 50 mil mensais e passa a tributar lucros e dividendos. Apenas proventos aprovados até 31/12/2025 permanecerão isentos, o que levou companhias a antecipar anúncios e pagamentos.
A valorização do dólar frente ao real refletiu a convergência entre fatores externos, que sustentaram o fortalecimento da moeda americana no mercado global, e elementos domésticos, que provocaram um viés depreciativo específico sobre o real, resultando em seu descolamento em relação a outras moedas emergentes.”








