Ricardo Alban - Presidente da CNI Foto Divulgação

Painel interativo lançado pela CNI detalha panorama das tarifas aplicadas pelos EUA às exportações brasileiras

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Ferramenta mostra que 37,1% das exportações brasileiras já estão livres de sobretaxas, superando o volume atingido pela tarifa cheia de 50%

Da Redação (*)

Brasília – A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou um painel interativo atualizado que detalha o panorama das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. O painel nasce em um momento marcado pela ampliação das isenções e pelo avanço das negociações bilaterais. A ferramenta permite identificar tarifas adicionais de até 50% e visualizar os setores e produtos mais afetados pelas medidas.

A atualização ocorre após a decisão do governo americano de liberar 37,1% das vendas brasileiras de sobretaxas; movimento considerado pela CNI um passo concreto para reequilibrar o comércio e reforçar a relação de mais de 200 anos entre Brasil e Estados Unidos. Segundo a entidade, o diálogo entre os dois países é estratégico e tem impacto direto na competitividade da indústria brasileira.

Para entender como chegamos até aqui, vale revisar os principais movimentos do tarifaço. Confira a linha do tempo das tarifas:

Com a posse de seu segundo mandato, o presidente Donald Trump retomou a política America First, baseada em três pilares: proteção da indústria nacional, segurança econômica e redução dos desequilíbrios comerciais.

Dentro dessa estratégia, em 2 de abril, a Ordem Executiva 14.257 instituiu uma tarifa básica adicional de 10% sobre todas as importações, além de estabelecer tarifas recíprocas mais elevadas para países com os quais os Estados Unidos têm os maiores déficits comerciais.

No caso do Brasil, além da tarifa básica de 10%, o governo norte-americano passou a aplicar uma tarifa adicional específica de 40% sobre determinados produtos, conforme a Ordem Executiva 14.323, podendo atingir um total de 50%, considerando as exceções previstas em cada norma.

Além disso, os Estados Unidos ampliaram o uso da Seção 232 do Trade Expansion Act de 1962 para impor medidas setoriais, atualmente vigentes para:

Há ainda diversas investigações em andamento que podem resultar em novas sobretaxas setoriais, aumentando a complexidade do comércio bilateral.

Conheça o painel da CNI: o guia prático para analisar as tarifas

O painel pode ser acessado pelo link: 
https://www.portaldaindustria.com.br/canais/observatorio-nacional-da-industria/produtos/taxas-dos-eua-sobre-exportacoes-brasileiras/

A ferramenta desenvolvida pela CNI permite:

  • Visualizar o panorama geral das medidas comerciais;
  • Consultar tarifas por produto ou código SH6 (Sistema Harmonizado de 6 dígitos), com detalhamento no código americano HTS10;
  • Analisar panoramas por setor, por tarifa ou por produto;
  • Acessar informações complementares sobre metodologia e análises relacionadas.

O painel utiliza dados da United States International Trade Commission (USITC), garantindo precisão e confiabilidade para o planejamento das exportações brasileiras.

Aplicações práticas
O painel ajuda exportadores e analistas a:

  • Avaliar riscos e impactos por setor;
  • Identificar produtos mais afetados;
  • Planejar estratégias de exportação;
  • Entender o efeito econômico das tarifas sobre o comércio bilateral.

O desfecho nas negociações bilaterais

Nas últimas semanas, houve um movimento significativo: a ampliação da lista de produtos isentos da tarifa de 40%. Com isso, 37,1% das exportações brasileiras aos EUA, o equivalente a US$ 15,7 bilhões, passaram a ficar livres das sobretaxas. Pela primeira vez desde agosto, o volume isento supera aquele atingido pela tarifa cheia de 50%, que representa 32,7% das vendas externas, segundo estudo da CNI baseado em dados de 2024 da Comissão de Comércio Internacional dos EUA.

A decisão do governo norte-americano removeu a tarifa para 238 produtos listados nos Anexos I e II, dos quais 85 foram exportados pelo Brasil em 2024; entre eles carne bovina, café e cacau, itens do dia a dia do consumidor americano. Ainda assim, 62,9% das vendas brasileiras seguem sujeitas a algum tipo de tarifa adicional, considerando tanto medidas horizontais quanto setoriais.

Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, as mudanças fortalecem a competitividade do produto brasileiro e indicam espaço para avanços na pauta industrial. Segundo ele, setores como máquinas e equipamentos, móveis e calçados ainda não foram contemplados e esse será o foco da próxima fase das negociações.

(*) Com informações da CNI

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