Nicolas Reig - CEO do Grupo Invoice/Divulgação

Comunicação envelhecida afasta Gen Z de setores como Comex e Logística, diz especialista

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CEO do Grupo Invoice, especializado em comunicação para comex, Nícolas Reig, aponta que os jovens buscam propósito e flexibilidade, enquanto empresas seguem oferecendo estabilidade e tradição

Da Redação

Brasília – Setores como comércio exterior, mineração, logística e indústria pesada carregam décadas de tradição. Essas áreas, essenciais para a economia, sempre foram dominadas por práticas rígidas, hierarquias verticais e uma visão de carreira baseada na estabilidade de longo prazo. O problema é que esse modelo já não conversa com as novas gerações que estão chegando ao mercado de trabalho. Jovens formados em um contexto de mudanças rápidas, digitalização e novas pautas sociais têm encontrado dificuldade em se adaptar a ambientes que resistem a flexibilizações e inovação.

Enquanto o discurso sobre transformação digital toma conta de eventos e relatórios estratégicos, a realidade do dia a dia em muitos desses setores ainda é marcada por processos analógicos, lideranças que pouco valorizam diversidade e um ritmo de adaptação lento. Para o CEO da Invoice, especializado em comunicação para comex, Nícolas Reig, existe um gap entre os setores e a “Gen Z” que não está sendo preenchido da maneira correta.

“As empresas persistem em divulgar mensagens centradas em “segurança” e “tradição “, mas a geração que está entrando agora no mercado tem outros objetivos. Eles almejam propósito, flexibilidade e oportunidades para contribuir ativamente dentro das organizações. Muitas ainda evitam adotar novas estruturas e modelos organizacionais que permitem essa flexibilidade que a nova geração pede. Quando estes pontos não são considerados, o setor perde competitividade na disputa por talentos”, analisa Nícolas.

Ruídos na comunicação afasta jovens das empresas

O resultado é uma dificuldade crescente em atrair e reter talentos jovens, que acabam optando por áreas mais abertas ao debate de propósito. Se antes o trabalho ocupava um lugar central na vida de quem estava inserido nestes setores, hoje os profissionais querem ter mais liberdade e qualidade de vida. Por isso, é necessário um ajuste na mensagem que as empresas do setor passam para conseguir trazer um público mais jovem para dentro da empresa.

“Para os jovens, o trabalho continua sendo importante e valorizado, mas a relação mudou. Eles não enxergam mais a carreira como o único eixo da vida, e isso não significa falta de comprometimento. Significa que passaram a equilibrar a dedicação profissional com prioridades como bem-estar, desenvolvimento pessoal e familiar. Esse ajuste de comunicação é o que falta, é necessário demonstrar que há espaço para modernização e que o profissional será valorizado de maneira plena, não somente com benefícios tradicionais e genéricos”, explica o CEO.

O desafio é reposicionar a comunicação e a cultura interna dessas áreas tão conservadoras. Atrair jovens passa por abrir espaço para inovação, estar atendo a realidade digital e mostrar como esses setores também podem ser cada vez mais flexíveis. Para isso, é preciso investir em linguagem acessível, transparência e canais de comunicação que dialoguem de fato com a geração que hoje se informa por redes sociais e busca propósito no trabalho.

“Em vez de apenas se adaptar, é preciso modernizar a forma de pensar. A nova geração deseja se identificar com o que as empresas comunicam e ter a certeza de que suas opiniões importam. Quando a conversa é aberta, abrangente e alinhada com seus princípios, a relação evolui do afastamento para a colaboração, o que revitaliza a atratividade desses setores no cenário profissional”, conclui Reig.

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