José Augusto de Castro, Presidente Executivo da AEB

Presidente da AEB critica o Brics, sua expansão, e diz que bloco nada acrescenta às exportações brasileiras

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Da Redação (*)

“O Brics não é um bloco formal de países com o objetivo de exportar ou importar. Após sua criação, progressivamente, o Brics foi mudando suas características passando a ser um bloco com finalidades políticas. O Brasil não tira nenhum proveito em suas exportações por ser membro do Brics”.

A crítica ao bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão, que passaram a integrar a organização em 2025, foi feita por José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Para o dirigente, a expansão do bloco realizada no início deste ano envolve países que “não têm nenhum peso politico e econômico e por isso pouco acrescentam”.

Para o executivo da AEB, a participação brasileira no Brics não agregou valor ao comércio exterior do país: “com certeza, não exportamos mais para China, Rússia, Índia e África do Sul por causa do Brics. Embarcamos para esses países commodities agrícolas e minerais que, na realidade, seriam exportadas com ou sem a criação do bloco. Por outro lado, o Brics não abriu possibilidades para o Brasil diversificar a sua pauta exportadora e passar a negociar produtos manufaturados, de maior valor agregado, para esse conjunto de países”.

Custo Brasil

Ainda assim, José Augusto de Castro não responsabiliza os sócios do Brics pela forte concentração dos produtos primários nas exportações para o bloco. Para ele, “como todos nós sabemos, nosso principal problema no comércio exterior, e em particular na busca de mercados para produtos industrializados, reside na questão custos e especialmente no chamado custo Brasil. Enquanto o Brasil não conseguir reduzir seus custos terá grande dificuldade de exportar produtos manufaturados e seguirá exportando apenas commodities como soja, minério de ferro e petróleo bruto”.

José Augusto de Castro também criticou a ideia de criação de uma moeda do Brics numa tentativa de diminuir a dependência de seus membros em relação ao dólar americano.  Segundo ele, “o dólar foi criado para sempre. Depois a União Europeia criou o euro, e o que aconteceu? Nada. Moedas como o euro ocupam pouco espaço no mercado internacional e se for criada uma moeda pensando no Brics se acabará popularizando essa coisa da criação de uma novo moeda, que deixará de ser algo técnico para se transformar em iniciativa meramente política que não vai gerar resultado algum”.

 

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