Erick Boano (*)
As cadeias de suprimentos globais atravessam um momento de incerteza diante das crescentes tensões geopolíticas e de novas políticas comerciais protecionistas. As declarações de Donald Trump sobre a imposição de tarifas a produtos importados por outros países, é um sinal de alerta para o setor. Concretizadas, essas medidas elevam significativamente os custos de insumos e mercadorias, pressionando empresas a repensarem suas estratégias de compras e abastecimento para minimizar impactos e evitar repasses excessivos ao consumidor final.
Historicamente, barreiras tarifárias desencadeiam uma série de ajustes no mercado: empresas buscam fornecedores alternativos, governos retaliam com medidas similares e os mercados entram em um ciclo de reajustes que afeta toda a economia. No contexto atual, em que as cadeias de suprimentos já enfrentavam desafios como a reorganização logística pós-pandemia e os efeitos dos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, a previsibilidade e a eficiência operacional tornam-se ainda mais críticas.
Para empresas que operam em mercados globais, essas possíveis mudanças exigem revisões estratégicas imediatas, já que o impacto vai além dos setores diretamente afetados, influenciando cadeias inteiras. A diversificação de origens, o reforço de estoques estratégicos e a reavaliação de acordos de longo prazo são algumas das estratégias em discussão para mitigar riscos e reduzir a exposição a oscilações repentinas.
Com isso, o movimento de nearshoring, que já vinha ganhando força nos últimos anos, pode se tornar ainda mais relevante, à medida que empresas buscam reduzir sua dependência de fornecedores localizados em regiões sujeitas a sanções ou instabilidade.
Diante desse cenário, empresas que atuam na gestão de procurement e supply chain precisam adotar uma abordagem mais data-driven para mitigar riscos e garantir resiliência. Mais do que nunca, a integração de tecnologia e análise de dados no processo de tomada de decisão é um fator determinante para navegar por esse período de incertezas, e o acesso a informações precisas sobre tendências de mercado e movimentações políticas permite que as empresas antecipem cenários e ajustem suas operações de forma proativa.
As organizações que estruturarem estratégias eficazes terão mais capacidade de se adaptar às novas dinâmicas do comércio internacional e proteger seus resultados em meio a um ambiente instável.
(*) Erick Boano, CEO da GEP Brasil