Da Redação
Brasília – A balança comercial brasileira deverá registrar em 2025 um superávit de US$ 93,048 bilhões, um aumento de 23,7% em relação aos US$ 75,214 bilhões previstos para 2024. A projeção é de que no próximo ano as exportações totalizem US$ 358,828 bilhões, aumento de 5,7% em relação ao montante de US$ 339,385 bilhões estimados para 2024, enquanto as importações previstas para o próximo ano estão em US$ 265,780 bilhões, alta de 28,3% em relação aos US$ 264,171 bilhões estimados para fechar este ano. Os dados constam da Previsão da Balança Comercial para 2025, divulgada hoje (17), no Rio de Janeiro, pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
O levantamento realizado pela AEB destaca ainda que a corrente de comércio, estimada em US$ 603,556 bilhões em 2024, deverá totalizar US$ 625,608 bilhões em 2025, recorde histórico e crescimento de 3,5%. No cenário projetado pela Associação, mais uma vez, soja, petróleo e minério de ferro seguirão liderando a pauta exportadora brasileira, sendo responsáveis por 34,04% das exportações totais projetadas para o Brasil em 2025, indicando pequena redução frente aos 37,09% apurados em 2024.
Segundo o presidente da AEB, José Augusto de Castro, “as projeções para o comércio exterior em 2025 sinalizam sustentabilidade aparente, com leve aumento de preços e incrementos de volumes, cujas previsões atuais indicam maior produção de soja, milho, petróleo, carne bovina, carne de frango, entre outros, porém, com possibilidade de ajustes nos preços para patamares inferiores aos atuais”.
Mas essa aparente estabilidade pode ser afetada por alguns fatores que podem causar reflexos no comércio mundial e/ou brasileiro. Entre eles a AEB destaca:
• fenômenos climáticos em países ou regiões produtoras de um produto de exportação e/ou importação;
• conflitos entre Israel x Hamas X Hezbollah, Rússia x Ucrânia e a queda ado regime de Assad, na Síria;
• eleição de Donald Trump e s novas medidas econômicas {implantação de elevadas tarifas contra a China e outros países} e novas medidas que poderão ser anunciadas;
• movimentos geopolíticos mundiais que podem se transformar em jogos de poder;
• aprovação da Reforma Tributária e seus reflexos na economia brasileira;
•agressividade comercial da China e seus eventuais impactos na economia mundial, com redução de demanda, queda artificial de preços, menor crescimento econômico global, menor demanda por commodities, impacto nos preços das comodities, entre outros.
Déficit recorde na balança comercial de produtos manufaturados
Ao mesmo tempo em que reitera suas críticas ao custo Brasil, José Augusto de Castro revela um certo otimismo ao acreditar que esse entrave à atividade produtiva, que acaba se refletindo no comércio exterior e especialmente nas exportações, “pode ser reduzido ou eliminado com a aprovação de reformas estruturantes pelo Brasil, sendo a principal a tributária, mesmo considerando um período de transição para sua implementação, abre perspectivas para a criação de melhores condições para se alcançar impactos positivos na redução do custo Brasil e gerar maior competitividade nas exportações, principalmente de produtos manufaturados”.
A esse respeito, a projeção divulgada pela AEB considera a falta de aprovação dessas reformas a principal responsável pela queda das exportações de produtos manufaturados, que após responderem por 59% da pauta de exportações no ano 2000, foram responsáveis por apenas 28% das exportações neste ano, o que significa que milhares de empregos deixaram de ser gerados
Nesse cenário, a balança comercial exclusiva de bens manufaturados, que registrou o último superávit comercial de US$ 7 bilhões em 2025, passando para um déficit de US$ 109 bilhões em 2023, poderá fechar o ano de 2024 com um déficit comercial recorde de US$ 135 bilhões.
Esse déficit crônico no comércio de bens industrializados acaba gerando graves reflexos na geração de empregos no país, conforme sublinha a projeção da AEB: “considerando que para cada US$ 1 bilhão de exportações ou importações são gerados ou eliminados cerca de 30 mil empregos diretos, indiretos e induzidos no Brasil, esses dados sinalizam a perda de aproximadamente 4 milhões de empregos qualificados, fundamentais no atual cenário de desemprego elevado {nesse segmento de empregos qualificados}”.