Da Redação (*)
Empresários estiveram no Egito para rodadas de negócios com representantes de diversos países do Norte africano
Brasília – O Projeto Brazilian Suppliers enviou uma missão comercial para o Egito entre os dias 23 e 26 de junho. O encontro ocorreu na capital do país, Cairo, com foco em países do norte do continente africano como Argélia, Marrocos, Mauritânia e Tunísia. O objetivo da missão foi estimular e promover a negociação entre empresas brasileiras e norte-africanas, mais especificamente de países com um elevado índice de crescimento econômico, como é o caso do Egito.
Doze empresas brasileiras participaram de um seminário com informações sobre o potencial de mercado da África do Norte, sessão de networking e rodada de negócios com importadores do país anfitrião e dos países convidados. Quase 200 empresários egípcios, autoridades locais e representantes da Câmara de Comércio de Giza estiveram presentes. O resultado dos encontros ainda não foi computado, mas estima-se que os negócios fechados possam chegar a US$ 10 milhões.
A Missão Comercial ao Norte da África foi realizada pelo Projeto Brazilian Suppliers, uma parceria entre o Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras (Ceciex) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), com apoio da São Paulo Chamber of Commerce, o braço internacional da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Para Alfredo Cotait Neto, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e coordenador-geral da São Paulo Chamber of Commerce, o Brasil precisa de um plano específico de comércio exterior, porque as políticas internas são incompatíveis com as externas: “O fortalecimento do comércio exterior vai ativar o desenvolvimento econômico e incentivar a geração de empregos, já que o mundo se tornou pequeno diante de tantas inovações tecnológicas. Os pequenos e médios empreendedores brasileiros precisam desenvolver uma cultura exportadora para crescer”, afirmou.
Brasil e Egito parceiros estratégicos
Em 27 de fevereiro deste ano, Brasil e Egito comemoraram 100 anos do estabelecimento de relações diplomáticas e, no contexto das comemorações, o presidente Luís Inácio Lula da Silva visitou o Cairo. Na oportunidade, os dois países decidiram elevar as relações bilaterais ao nível de Parceria Estratégica.
Nos últimos anos, o Egito vem se consolidando como importante parceiro comercial do Brasil no continente e nos primeiros cinco meses de 2024 foi registrado uma forte alta no intercâmbio entre os dois países. No período, as exportações brasileiras tiveram um crescimento de 44,9% para US$ 1,341 bilhão, enquanto as exportações egípcias para o Brasil aumentaram 52% e totalizaram US$ 260 milhões. A corrente de comércio (exportações+importações) totalizou US$ 1,609 bilhão, com um superávit brasileiro de US$ 1,082 bilhão.
Com esses números, o Egito figurou pela primeira vez (de janeiro a maio) como o principal parceiro comercial do Brasil no continente africano, à frente de países como a Nigéria, Argélia e Marrocos, outros importantes sócios do país na região.
À exceção da carne bovina, que registrou uma retração de 24% nos embarques para o Egito, totalizando US$ 92 milhões, os demais produtos de destaque nas exportações para o mercado egípcio tiveram altas expressivas nos cinco primeiros meses deste ano.
Os destaques foram açúcares e melaço (US$ 348 milhões e alta de 123% no período); minério de ferro (US$ 277 milhões e aumento de 141%); soja (US$ 206 milhões, com acréscimo de 1,32%); e milho não-moído (US$ 183 milhões e elevação de 54,4%).
Do lado egípcio, as exportações também tiveram alta expressiva, da ordem de 52%, mas esse aumento não foi suficiente para reduzir o forte déficit acumulado pelo país africano nas trocas comerciais nos cinco primeiros meses deste ano. O saldo negativo somou US$ 1,082 bilhão, cifra bem próxima do superávit alcançado pelo Brasil nas relações com o país africano em todo o ano de 2024, que somou US$ 1,831 bilhão.
Os principais produtos embarcados pelo Egito para o Brasil foram adubos ou fertilizantes químicos (US$ 87 milhões); barras de ferro e aço (US$ 37 milhões); frutas e nozes (US$ 23 milhões); legumes, raízes e tubérculos (US$ 19 milhões) e polímeros de cloreto de vinila (US$ 19 milhões).
(*) Com informações da CACB