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Indústria calçadista tem pior primeiro bimestre da série histórica iniciada em 1997

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Novo Hamburgo (RS) – O primeiro bimestre de 2024 trouxe dados preocupantes para a indústria calçadista brasileira. Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que, nos primeiros dois meses do ano, as exportações somaram 18,38 milhões de pares e US$ 169,66 milhões, quedas tanto em volume (-31,3%) quanto em receita (-22,8%) em relação ao mesmo período do ano passado. Em fevereiro, as quedas foram de 33,4% em volume e de 22,5% em receita na relação com o mês correspondente de 2023.

Considerado o pior resultado para o bimestre em toda a série histórica, iniciada em 1997, o registro acendeu a luz de alerta para o setor calçadista brasileiro. “Existem instabilidades e processos inflacionários graves nos principais mercados do mundo. É claro que tem impacto. Mas penso que o impacto maior está sendo o retorno de uma China mais agressiva ao mercado, tirando espaços dos seus concorrentes internacionais, principalmente na América Latina”, comenta Ferreira, ressaltando que a América Latina absorve mais de 50% das exportações brasileiras de calçados.

Outro país que contribuiu negativamente para a performance nesse primeiro bimestre foi a Argentina, uma vez que os Estados Unidos, principal destino internacional do calçado brasileiro, vem apresentando quedas cada vez menos significativas.

“A Argentina apresentou, no ano passado, dois semestres consecutivos de elevação na taxa de pobreza, alcançando mais de 40% da população. O impacto da crise argentina é sentida fortemente pelos calçadistas brasileiros”, avalia.

Destinos

O principal destino do calçado brasileiro no primeiro bimestre foi os Estados Unidos, para onde foram embarcados 1,9 milhão de pares por US$ 38,9 milhões, quedas de -10,4% e -3,7%, respectivamente, ante o mesmo período do ano passado.

Passando por uma grave crise econômica interna, a Argentina foi o segundo destino do calçado brasileiro nos primeiros meses do ano. Para lá, foram embarcados 1,18 milhão de pares por US$ 24,75 milhões, quedas tanto em volume (-29,9%) quanto em receita (-17,8%) em relação ao mesmo ínterim de 2023.

No terceiro lugar do ranking de destinos aparece a Espanha, para onde, no bimestre, foram embarcados 2,93 milhões de pares por US$ 8,88 milhões, quedas de -33,4% e -36,2%, respectivamente, no comparativo com o mesmo intervalo do ano passado.

Origens

O maior exportador brasileiro de calçados segue sendo o Rio Grande do Sul. No bimestre, partiram das fábricas gaúchas 5,67 milhões de pares por US$ 84,45 milhões, quedas de -2% em volume e de -3,8% em receita no comparativo com o mesmo período de 2023.

A segunda principal origem das exportações de calçados foi o Ceará, de onde partiram 6,73 milhões de pares e US$ 41 milhões, quedas de -36,3% e -36,7%, respectivamente, ante o mesmo período do ano passado.

Na parte de cima do ranking, a Bahia foi o estado com menor queda nas exportações. Entre janeiro e fevereiro, as fábricas baianas embarcaram 533,88 mil pares por US$ 12,95 milhões, queda de -16,3% em volume e nível estável de receita em relação ao primeiro bimestre de 2023.

Perdendo a terceira posição para a Bahia, aparece São Paulo. No primeiro bimestre, partiram das fábricas paulistas 756,6 mil pares por US$ 12,7 milhões, quedas de -37,6% e -31,2%, respectivamente, ante 2023.

Nem tudo é trágico

Por outro lado, Ferreira destaca que com o processo de desaceleração da inflação mundial e manutenção de taxas positivas de crescimento econômico em mercados como Estados Unidos e Europa, as exportações brasileiras devem apresentar um melhor desempenho no segundo semestre do ano. A estimativa é, no entanto, que se encerre 2024 com números menores dos que os registrados no ano passado.

Importações em alta

Ao contrário das exportações, as importações seguem em elevação. No mês de fevereiro, entraram no Brasil 4,1 milhões de pares por US$ 53,48 milhões, queda de -5,9% em volume e incremento de +41,8% em receita em relação a fevereiro de 2023. Já no acumulado do bimestre, as importações somaram 6,9 milhões de pares e US$ 90,6 milhões, queda de -9% em volume e incremento de + 4,4% em receita em relação ao mesmo período do ano passado.

As principais origens seguem sendo os países asiáticos, que respondem por mais de 80% de todos os calçados que entram no Brasil. A primeira origem das importações foi o Vietnã, que em fevereiro exportou para o Brasil 1,2 milhão de pares por US$ 26,7 milhões, altas de +59% em volume e de +47% em receita na relação com o mesmo mês do ano passado. No bimestre, as importações de calçados vietnamitas alcançaram 2 milhões de pares e US$ 43,87 milhões, incremento de +5% em pares e queda de -0,9% em receita na relação com o primeiro bimestre de 2024.

A segunda origem das importações do ano foi a Indonésia. Em fevereiro, as importações de calçados da Indonésia somaram 660 mil pares e US$ 11, 44 milhões, incrementos de +78,9% e +51,7%, respectivamente, ante fevereiro de 2023. No acumulado do bimestre, as importações da Indonésia somaram 1 milhão de pares e US$ 17,17 milhões, incrementos de +34,3% e +10,2%, respectivamente, ante o mesmo ínterim de 2023.

A China completou o ranking, tendo embarcado para o Brasil, em fevereiro, 1,65 milhão de pares por US$ 5,27 milhões, queda de -44,2% em volume e alta de +3,6% em receita na relação com fevereiro do ano passado. No acumulado, as importações chinesas somaram 2,75 milhões de pares e US$ 9,58 milhões, quedas de -36,2% e -16,3%, respectivamente, ante 2023.

Em partes de calçados – cabedais, saltos, solados, palmilhas etc – as importações do bimestre somaram US$ 7,9 milhões, + 62% mais do que no primeiro bimestre de 2023. As principais origens foram China, Paraguai e Colômbia.

(*) Com informações a Abicalçados

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