Da Redação
Brasília – Após registrar em 2022 movimentação recorde de 57,4 milhões de toneladas, o Porto do Açu espera alcançar números ainda mais expressivos no balanço sobre a atuação dos portos brasileiros neste ano, a ser divulgado pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) no primeiro trimestre de 2024.
Com os números de 2022, superiores em 3% à movimentação registrada no ano anterior, o porto seguirá ocupando a segunda posição no ranking nacional desse quesito quando comparado aos portos organizados, atrás apenas do Porto de Santos, o maior da América do Sul.
Segundo Vinicius Patel, Diretor de Administração Portuária do Porto do Açu, o porto está na vanguarda da inovação portuária do país: “a sinalização náutica do canal de navegação do Terminal 02 do porto é a primeira no país homologada pela Anatel e Marinha do Brasil para o emprego de recursos para navegação eletrônica. Com infraestrutura de classe mundial, o balizamento náutico do canal de navegação do Porto do Açu foi projetado de forma a atender às referências internacionais em tráfego marítimo, com a implementação dos melhores recursos disponíveis nos mercados internacional e nacional”.
Os avanços do projeto porto-indústria
Nesse contexto, ele destaca que o Terminal da Vast (Vast Infraestrutura, a antiga Açu Petróleo) foi o quinto maior terminal privado do país em 2022, movimentando 34 milhões de toneladas, 10% a mais que o ano anterior. Em termos de barris movimentados, foram 155 milhões bbi (+27%) e 166 operações de transbordo (+35%), conforme dados da Vast.
Responsável por mais de 25% das exportações de petróleo no país, a Vast também já vem atuando fortemente nas operações de apoio à cabotagem para alimentação das refinarias ao longo da costa brasileira, cada vez mais se consolidando como uma empresa de soluções logísticas especializada na movimentação de líquidos para o mercado de energia no país.
Outro importante integrante do complexo porto-indústria, o Terminal da Ferroport (uma joint-venture formada entre a Anglo American e a Prumo Logística, responsável pela operação do terminal portuário de minério de ferro do Porto do Açu) segue como 4º. maior terminal privado de exportação de minério de ferro do país, com uma movimentação de 21,4 milhões de toneladas em 2022.
Já o T-Mult (Terminal de Multicargas) acumulou este ano 1,9 milhão de toneladas, com recorde no mês de outubro, quando 261.685 toneladas foram movimentadas.
Com um plano de expansão baseado no binômio porto-indústria,” o Porto do Açu já conta com 22 empresas instaladas e tem planos para atrair plantas de hidrogênio verde, fábricas de suporte à eólica offshore, biogás, fertilizantes e siderurgia, sempre em sinergia com a promoção de industrialização de baixo carbono. Para isso, contamos com uma grande retroárea disponível, além de gás a preço competitivo e água de uso industrial”, pontuou o executivo.
Do complexo e ambicioso plano de expansão da unidade constam estudos para o desenvolvimento de um Mega Hub no porto para fabricação de HBI (“hot briquetted iron”, ou ferro-esponja, conforme estabelecido em compromisso firmado com a Vale.
Assim, o complexo industrial deverá receber em um primeiro momento pelotas da Vale e poderá incluir uma planta de briquete de minério de ferro, para alimentar a planta de HBI, matéria-prima essencial para o processo de descarbonização da cadeia siderúrgica brasileira e internacional.
Comprometido com o descomissionamento sustentável, o Porto do Açu projeta a criação de hub para esse serviço a partir de um contrato assinado com a Petrobrás para prestação de serviços na fase de pré-descomissionamento de plataformas de produção, um passo importante na estratégia de descomissionamento sustentável no Brasil.
Outro passo importante será dado com a realização de uma parceria com a Geo Bio Gas&Carbon, líder no desenvolvimento da cadeia de biogás no Brasil, para a realização de um estudo de viabilidade para potencial instalação de uma planta de geração de biogás no polo-indústria ou em regiões adjacentes.
Infraestrutura moderna de apoio ao agronegócio
O agronegócio é outro segmento importante na atuação do porto-empresa. Conforme afirma Vinícius Patel: “desde 2020, o Porto do Açu inseriu o Rio de Janeiro no mapa do agronegócio nacional. Em fevereiro deste ano, o porto quadruplicou a capacidade do Terminal Multicargas (T-MULTI). Foram inaugurados dois novos galpões cobertos, ampliando para três o número de armazéns, que aumentaram a capacidade estática de armazenamento para 1l0 mil toneladas e dobraram a área alfandegada do terminal para 360 mil m2. Para o agro, a ampliação com a opção de armazenamento coberta é fundamental, pois possibilita a estocagem de diversos produtos agrícolas, como sal e café”.
De acordo com dados do Comex Vis, de janeiro a novembro deste ano as importações brasileiras de fertilizantes alcançaram 37 milhões de toneladas a um custo de US$ 13,4 bilhões, com uma queda de -42,9% comparativamente com igual período de 2022.
Os principais fornecedores do insumo ao país foram a Rússia (US$ 3,2 bilhões e participação de 24,2%), China (US$ 1,46 bilhão e 10,9%); Canadá (US$ 1,87 bilhão e 13,9%); Marrocos (US$ 1,12 bilhão e 8,38%); e Estados Unidos (US$ 630 milhões e 4,70%).
Com valores e volumes tão expressivos de importação de insumos básicos para o agronegócio brasileiro, o Porto do Açu vislumbrou uma nova oportunidade de negócio a ser agregada ao seu portfólio e estabeleceu uma parceria com a Toyo Setal (uma empresa brasileira de implantação de empreendimentos industriais e projetos de alta complexidade) para desenvolver uma planta de produção de fertilizantes nitrogenados no porto-indústria. A estimativa é de que a futura planta tenha capacidade de produzir 1,38 milhão de toneladas de ureia e 781,5 mil toneladas de amônia a partir do aproveitamento do gás natural.
Um projeto em perfeita sintonia com os princípios ESG
A preocupação com os princípios ESG (governança social, ambiental e corporativa) se faz presente na atuação atual e projetos futuros do Porto do Açu, conforme atesta Vinícius Patel: “o Porto do Açu trabalha para ser o porto da transição energética do Brasil, conciliando industrialização de baixo carbono, crescimento econômico, geração de empregos e preservação do meio ambiente. Por isso, estamos desenvolvendo desde 2024 um porto-indústria competitivo com infraestrutura integrada e sustentável, que ambiciona ser um ecossistema de descarbonização das companhias globais. Nesse propósito, o porto se desenvolve de maneira responsável, sempre atento às necessidades da comunidade no entorno, com mais de 30 iniciativas ligadas a essas comunidades”.
Entre essas iniciativas, o maior expoente é a Reserva Caruara, criada e mantida desde 2012 para abrigar o projeto de proteção às tartarugas marinhas, que já liberou ao mar mais de 1 milhão de filhotes da espécie Carretta caretta.
Na opinião do executivo do Porto do Açu, “a Reserva Caruara tornou-se um verdadeiro ativo ESG na região. A Caruara passou de patamar de uma unidade de conservação com um projeto de reflorestamento, para um polo de conservação da biodiversidade e de fomento à economia local, através de seus eixos de atuação”.