Novo Hamburgo (RS) – Impactadas pelas instabilidades no mercado internacional, especialmente nos Estados Unidos, as exportações de calçados registraram quedas de 32,7% em receita e 25,2% em volume entre janeiro e agosto na relação com igual período do ano passado. No total, foram embarcados 56,4 milhões de pares, que geraram US$ 437,15 milhões. No recorte de agosto, foram exportados 7,27 milhões de pares por US$ 57,9 milhões, quedas de 26,7% em volume e de 30% em receita na relação com o mesmo mês de 2019.
Embora a queda dos embarques deva arrefecer nos últimos meses de 2020, o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, ressalta que o ano deve fechar com um revés na casa de 27% em relação a 2019. “A pandemia do novo coronavírus impactou profundamente o mercado internacional. Além de perdermos espaço em mercados importantes, caso dos Estados Unidos, tivemos uma recuperação mais rápida da indústria chinesa, que inflou a concorrência internacional”, explica o dirigente.
Segundo o executivo, nem mesmo o dólar valorizado tem sido o suficiente para impulsionar os embarques de calçados. “O mundo ainda está com muitas restrições, especialmente para encontros físicos. Exemplo disso é a italiana Micam Milano, maior feira mundial do setor, que terá a participação de apenas nove marcas brasileiras, todas com representação local, em função da restrição para entrada de brasileiros na Itália – ano passado foram 76 marcas”, acrescenta.
Destinos
Entre janeiro e agosto, o principal destino do calçado exportado pelo Brasil foi os Estados Unidos. No período, os norte-americanos importaram 5,88 milhões de pares, que geraram US$ 95,26 milhões, quedas tanto em volume (-26,8%) quanto em receita (-30,8%) em relação ao período correspondente do ano passado.
O segundo destino dos oito meses foi a Argentina, para onde foram embarcados 4,2 milhões de pares que geraram US$ 43,33 milhões, quedas de 27,7% e 33,8%, respectivamente, ante 2019.
Já o terceiro destino do ano foi a França. Nos oito meses, os franceses importaram 4,28 milhões de pares, que geraram US$ 38,28 milhões, quedas tanto em volume (-13,2%) quanto em receita (-3,5%) na relação com igual período do ano passado.
Estados
O maior exportador de calçados do período seguiu sendo o Rio Grande do Sul, com representação de 45% do total, em dólares gerados. Nos oito meses, as fábricas gaúchas embarcaram 13,7 milhões de pares, que geraram US$ 196,5 milhões, quedas tanto em volume (-31,7%) quanto em receita (-34,7%) em relação a igual ínterim de 2019.
O segundo exportador do período foi o Ceará, de onde foram embarcados 18,25 milhões de pares por US$ 108,21 milhões, quedas de 30,3% e 32,7%, respectivamente, ante o ano passado.
O terceiro exportador dos oito meses foi São Paulo, que exportou 4,25 milhões de pares que geraram US$ 44,68 milhões, quedas tanto em volume (-15,2%) quanto em receita (-34,2%) ante 2019.
Com queda menor, a Paraíba aparece no quarto posto entre os exportadores de calçados. No período, as fábricas paraibanas embarcaram 11,61 milhões de pares por US$ 36,66 milhões, quedas de 8,5% e 16,7%, respectivamente, em relação ao período correspondente do ano passado.
Importações
As importações de calçados caíram menos do que as exportações, piorando a balança comercial brasileira do setor em 31,7%, ou em US$ 16 milhões somente em agosto.
Nos oito meses, entraram no Brasil 16 milhões de pares de calçados por US$ 213 milhões, quedas de 18,3% em volume e de 13,7% em receita na relação com igual período do ano passado. As principais origens seguem sendo os países asiáticos Vietnã, Indonésia e China, que respondem por mais de 86% das importações totais.
“São calçados que entram no Brasil com dumping, ou seja, com preços muito abaixo dos praticados pelo mercado, provocando uma concorrência desleal com os produtores nacionais. E é justamente por isso que estamos entrando com pedido para renovação do direito antidumping contra o calçado chinês, o estendendo também contra produtos provenientes do Vietnã e da Indonésia”, explica Ferreira, ressaltando que o direito contra o produto chinês vence em março do próximo ano. Atualmente, cada calçado importado da China paga uma sobretaxa de US$ 10,22 (saiba mais).
Em partes de calçados – cabedais, saltos, solas, palmilhas etc. , as importações dos oito meses somaram US$ 13,44 milhões, 34,8% menos do que no mesmo ínterim do ano passado. As principais origens foram China, Paraguai e Vietnã.
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(*) Com informações da Abicalçados