Novo Hamburgo – Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que, no primeiro bimestre do ano, foram embarcados 23 milhões de pares, que geraram US$ 166,7 milhões, quedas tanto em volume (-10,7%) quanto em receita (-8,5%) na relação com igual período do ano passado. Considerado apenas o mês de fevereiro, foram remetidos ao exterior 10,6 milhões de pares por US$ 75,2 milhões, quedas de 3,3% em pares e de 10% em faturamento em relação ao mês dois de 2019.
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que a dinâmica de desaceleração internacional, puxada especialmente pelos Estados Unidos, influenciou negativamente no desempenho. “A queda dos embarques aos Estados Unidos teve um peso muito grande, especialmente nos calçados de couro”, aponta, ressaltando que a contribuição da queda dos embarques para os Estados Unidos no bimestre foi de 6,3,% (da queda total de 8,5%).
“Quase tudo o que perdemos foi em função dos Estados Unidos. Além de existir um problema econômico naquele país, que viu suas vendas de calçados despencarem quase 2% no trimestre – o que inibe as importações de uma maneira geral – existe o impacto geral do Coronavírus, especialmente na Ásia e Europa”, avalia Ferreira, acrescentando, ainda, que em 2019 a base também era muito elevada em função da guerra comercial contra a China.
Segundo Ferreira, a boa notícia é de que, com o câmbio atual, em reais, a rentabilidade segue em crescimento. “Em reais, as exportações cresceram 4,9% em fevereiro e 3,8% no bimestre”, informa o dirigente.
Destinos
No primeiro bimestre, o principal destino do calçado brasileiro no exterior foi os Estados Unidos, para onde foram embarcados 1,98 milhão de pares, que geraram US$ 33,36 milhões, quedas de 32,5% e de 11,6%, respectivamente, ante mesmo ínterim de 2019.
O segundo destino do bimestre foi a Argentina. Com uma base fraca de 2019, os hermanos compraram 1,3 milhão de pares verde-amarelos, que perfizeram US$ 13,9 milhões, incrementos de 46,2% e de 30,4%, respectivamente, ante o ano passado.
O terceiro destino do período foi a França, para onde foram embarcados 1,76 milhão de pares por US$ 12,46 milhões, quedas tanto em volume (-35,6%) quanto em receita (-13%) na relação com o mesmo período de 2019.
Estados
O principal exportador de calçados do Brasil no bimestre foi o Rio Grande do Sul. No período, os gaúchos embarcaram 5 milhões de pares por US$ 70,8 milhões, incremento de 4,4% em volume e queda de 4,9% em receita ante o mesmo intervalo do ano passado.
O segundo maior exportador do período foi o Ceará, de onde partiram 9,7 milhões de pares por US$ 52,5 milhões, quedas tanto em volume (-15,4%) quanto em receita (-15,9%) em relação ao período correspondente do ano passado.
No terceiro posto, São Paulo apareceu com incremento de 28,1% em volume e de 3,7% em receita na relação com o primeiro bimestre do ano passado. Os números foram de 1,2 milhão de pares e US$ 14 milhões.
Importações
O dólar valorizado também teve impacto nas importações de calçados. No bimestre, entraram no Brasil 5,3 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 69,35 milhões, quedas de 15,8% e de 0,8%, respectivamente, ante o mesmo período de 2019. Segregando apenas fevereiro, a importação foi de 2,5 milhões de pares por US$ 28 milhões, quedas de 28,6% e de 7,5%, respectivamente, no comparativo com o mesmo período do ano passado.
As principais origens das importações do bimestre foram Vietnã (2,35 milhões de pares e US$ 39,9 milhões, incrementos de 10,7% e de 15,9%, respectivamente, ante mesmo período do ano passado), Indonésia (604 mil pares e US$ 10 milhões, quedas de 46% e 38%, respectivamente) e China (1,8 milhão e US$ 9,4 milhões, queda de 26% em volume e incremento de 15,8% em receita).
Já em partes de calçados – cabedais, solas, saltos, palmilhas etc – as importações somaram US$ 4,9 milhões , 25,3% menos do que no primeiro bimestre do ano passado. As principais origens foram China, Paraguai e Vietnã.
(*) Com informações da Abicalçados