Brasília – O vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Eduardo Riedel, é o novo presidente da Câmara Temática de Negociações Agrícolas Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Reativado, depois de oito anos sem funcionar, este importante instrumento de interlocução entre os setores público e privado será administrado em parceria pela CNA e o MAPA.
É no âmbito desta Câmara que o setor produtivo é chamado a contribuir no processo de formulação de políticas públicas para o setor agropecuário. A retomada dos trabalhos deve-se, em grande parte, ao empenho da Secretaria de Relações Internacionais do ministério, hoje conduzida por Marcelo Junqueira. O secretário-executivo da Câmara será Benedito Rosa, atual diretor de Assuntos Comerciais da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio.
A primeira reunião de trabalho da Câmara de Negociações Agrícolas Internacionais foi realizada na quinta-feira (28) e contou com a participação de várias associações do agronegócio. “A presença massiva dos parceiros do setor nessa Câmara de fundamental importância comprova a existência de uma demanda reprimida pelo tema das negociações internacionais no agronegócio”, ponderou Eduardo.
As associações – entre elas a Abiarroz, representante das indústrias arrozeiras do Brasil, a Única, que falou pelo setor sucroalcooleiro, e a Aprosoja Brasil – também tiveram a oportunidade de levantar seus pleitos. Em que pese o caráter setorial dos pedidos, todas as entidades cobraram do governo brasileiro maior abertura comercial. Não apenas demandaram negociações de livre comércio com países como Rússia, Costa Rica e México, como cobraram a superação dos obstáculos para a finalização do acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
Entre os principais temas que entraram na agenda do primeiro encontro estão os andamentos das negociações na Organização Mundial do Comércio, OMC, questão abordada pelo embaixador Paulo Estivalet. Coube ao diretor de negociações sanitárias e fitossanitárias do Ministério da Agricultura, Lino Colsera, fazer um relato dos principais entraves deste tema para o comércio agrícola brasileiro.
Segundo o diretor, o governo brasileiro está engajado em diversas frentes negociadoras para derrubar barreiras comerciais, como no caso do acesso da carne bovina à Arábia Saudita, China e Japão, bem como para abrir novos mercados, citando a recente abertura do Chile para melões e melancias exportadas pelo Brasil.
Ao longo da reunião foram aprovadas cinco moções, recomendando ao Ministro da Agricultura que, em articulação com o Ministério das Relações Exteriores, coloque os temas tratados pela Câmara como prioridade na agenda brasileira de negociações internacionais. Além da falta de acordos comerciais, as maiores preocupações do setor dizem respeito ao aumento dos subsídios indianos para seus produtores de açúcar, à lenta aprovação de eventos transgênicos por países importadores da soja e do milho brasileiros e à discriminação do mercado peruano ao arroz do Brasil, com a imposição de impostos considerados indevidos pelo setor.
Na próxima reunião, ainda sem data marcada, estão previstas uma explanação do setor de cachaça sobre o seu engajamento no mercado internacional e a apresentação do setor de tabaco, a respeito das negociações de novas regras para as embalagens do produto. O representante da ABIFUMO, as novas regras podem se transformar em graves barreiras não só para a indústria do fumo, mas também para alimentos e bebidas.
Eduardo Riedel destacou que o agro está no centro das discussões políticas do país. Ele fechou a reunião observando que é preciso trabalhar com uma agenda permanente, que trará sinergia entre as mais distintas cadeias do agronegócio e construirá uma força institucional capaz de trazer grandes conquistas para os produtores brasileiros.
Fonte: CNA