Da Redação
Brasília – A grave crise econômica que a Venezuela atravessa, agravada pela carência de dólares, fez com que o país reduzisse em 25,61% as importações de produtos brasileiros no primeiro trimestre do ano, comparativamente com idêntico período de 2014. De janeiro a março, as importações venezuelanas somaram US$ 643 milhões, contra US$ 865 importados do Brasil nos três primeiros meses do ano passado. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Relatório elaborado pelo Bank of America (BofA), revela que as importações da Venezuela devem cair de US$ 45,9 bilhões em 2014 para algo em torno de US$ 31 bilhões em 2015. A redução compensará em parte a queda na receita obtida com as exportações, de US$ 75 bilhões no ano passado para US$ 41,5 bilhões este ano. O documento não cita especificamente o Brasil, mas é certo que o país será um dos mais duramente atingidos pela retração nas importações venezuelanas. Outros países afetados serão a Alemanha, Colôlmbia, China, Estados Unidos e México, que integram o grupo dos principais parceiros comerciais da Venezuela.
De acordo com dados do MDIC, o Brasil já vem sofrendo os impactos do corte das importações venezuelanas. As vendas brasileiras para o país vizinho caíram de US$ 864,7 milhões no primeiro trimestre de 2014 para US$ 643,2 milhões este ano. Em igual período de 2012, as exportações para a Venezuela atingiram o montante de US$ 1,076 bilhão.
Mas no caso do Brasil, o problema não se restringe à redução pura e simples das exportações. O mais grave é que a Venezuela tem diminuído cada vez mais as importações de produtos industrializados brasileiros. Nesse contexto, a Venezuela tem se limitado a manter as importações de produtos essenciais, principalmente alimentos e outros itens de primeira necessidade, que são considerados prioritários pelo governo de Caracas.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro, “em 2007, o Brasil exportou para a Venezuela US$ 576 milhões em produtos básicos e US$ 4 bilhões em produtos industrializados. No ano passado, os básicos totalizaram US$ 2,1 bilhões e os manufaturados caíram para US$ 2,5 bilhões. E isso porque alguns produtos alimentícios processados são classificados como manufaturados. Assim, é cada vez maior a participação dos alimentos na pauta exportadora brasileira para a Venezuela”.
Para completar esse cenário negativo há o fato de que a Venezuela vem acumulando um já considerável estoque de dívidas antigas não quitadas com exportadores brasileiros. O montante do débito poderia oscilar entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões. Isso faz com que diversas empresas brasileiras só aceitem exportar para o país vizinho se receberem à vista ou mediante pagamento adiantado.
