Vendas internas desabam e industria automobilística aposta na exportação para enfrentar crise

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Da Redação (*)

Brasília – Com o mercado interno mergulhado numa das mais graves retrações de todos os tempos, a indústria automobilística brasileira tem  encontrado nas exportações a saída mais efetiva para enfrentar a crise que atinge o setor. Assim, enquanto as vendas  no mercado interno tiveram um recuo de 27,9% no primeiro quadrimestre do ano, quando foram licenciados 644,25 mil veículos, as exportações seguiram o caminho oposto e registraram uma alta de 24,3%, comparativamente com idêntico período do ano passado.

Nos quatro primeiros meses de 2016, 136,35 mil veículos foram exportados pelas montadoras instaladas no País. Os números foram divulgados hoje em São Paulo pela Associaão Nacional dos Fabricanates de Veículos Automotores (Anfavea).

Segundo o novo presidente da Anfavea, Antonio Megale, se não fosse pelo aumento das vendas externas o setor automobilístico estaria enfrentando uma situação ainda muito mais grave que a atual. Ele reconheceu que tem ocorrido uma participação importante do governon o fechamento de negócios para aumentar as exportações em geral e lembrou os acordos bilaterais que surgem como alternativa para compensar as fracas vendas internas. Contratos dessa natureza foram firmados recentemente com o Uruguai, Peru, Colômbia e também com países africanos.

Além desses acordos já assinados, a indústria automobilística acompanha atentamente as negociações iniciadas no mês de março pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, e que podem resultar numa megaexportação  de veículos para o Irã.

De acordo com o titular do MDIC, o governo de Teerã informou que pretede importar um total de 140 mil automóveis para renovar a frota de taxis do país, 65 mil caminhões e 17 mil ônibus. O valor do negócio pode alcançar a cifra de US$ 5 bilhões.

Segundo o ministro Armando Monteiro, a intenção do governo brasileiro é assegurar uma parte ou mesmo a totalidade desses contratos. De acordo com o ministro, a encomenda, se for concretizada não é para entrega em apenas um ano e por isso pode dar fôlego às exportações  para o Irã até o fim desta década. Armando Monteiro disse também que está sendo cogitada não apenas a venda de veículos acabados mas também CKDs, sigla em inglês para os conjuntos de partes de automóveis que são embarcados para montagem no país importador. Segundo o ministro, “o Irã tem uma indústria automobilística e pode haver associação de interesse conosco”

Produção em queda

Os números divulgados pela Anfavea mostram que as vendas de veículos novos automotores, incluindo automóveis, caminhões, comerciais leves (como vans e furgões) e ônibus, encerraram o período de janeiro a abril deste ano em baixa de 27,9%, com o total de 893,7 mil unidades comercializadas. Apenas no mês de abril, foram vendidos 162,9 mil veículos, número 9,1% menor do que o registrado em março deste ano e 25,7% inferior ao resultado de abril de 2015.

As montadoras instaladas no Brasil produziram em abril 169,8 mil veículos, número 13,6% abaixo do de março e 22,9% inferior ao registrado em abril do ano passado. No acumulado desde janeiro, houve queda de 25,8%.

De acordo com Megale, as empresas têm feito um esforço para manter os empregos, tanto que hoje têm 30% da força de trabalho em regime de flexibilização, sendo 6.044 postos em regime lay-off e 29,6 mil no Programa de Proteção ao Emprego (PPE). “É uma situação preocupante e as empresas estão demonstrando esforços para preservar os empregos”, destacou.

Em relação a abril do ano passado, as vagas encolheram 8%, tendo hoje uma base 128.441 trabalhadores. Para ampliar as ofertas, é necessário que o país volte a crescer, defendeu o presidente da Anfavea.

Caminhões

O executivo apontou que, entre os segmentos que mais apresentaram queda nas vendas, estão os caminhões, com recuo de 13,2% de março para abril e 31% no acumulado do ano. No entanto, Megale acredita em recuperação por meio das exportações e também com a restauração da confiança do setor do agronegócio após o anúncio das condições de financiamento da nova safra agrícola.

As vendas internas de máquinas agrícolas caíram 40,8% no quadrimestre. Em abril, houve redução de 32,2% na comparação com o mesmo período do ano passado, mas, em relação a março, as vendas subiram 4,9%. Nas vendas externas, no entanto, esse segmento apresentou redução de 44,5% sobre março, de 39,7% sobre abril do ano passado e 23,3% no acumulado do ano.

(*) Com informações da Anfavea e Agências

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