Da Redação
Brasília – O superávit de US$ 13,2 bilhões acumulado pelo Brasil nos quatro primeiros meses do ano deveria ser motivo para comemoração mas por trás desse número aparentemente significativo se esconde uma verdade preocupante: o saldo comercial, classificado pelo presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, como “superávit negativo” foi alcançado através de uma forte retração de 18,43% na corrente de comércio, somatório das exportações e importações realizadas pelo País num determinado período, devido principalmente a uma das maiores quedas nas importações registrada na história recente do comércio exterior brasileiro.
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), no período janeiro/abril de 2016, as exportações brasileiras somaram US$ 55,942 bilhões, uma redução de -3,43% em relação ao total de US$ 57,932 bilhões exportados em igual período de 2015.
No tocante às importações, a queda foi muito mais expressiva, devido à crise econômica agudizada e à valorização do dólar frente ao real. Dessa forma, nos quatro primeiros meses deste ano o Brasil importou produtos no total de US$ 42,697 bilhões, uma queda de -32,22% se comparados com o montante de US$ 62,991 bilhões importados em idêntico período do ano passado.
Segundo os dados do MDIC, no primeiro quadrimestre de 2015, a corrente de comércio totalizou US$ 120,922 bilhões. Este ano, a soma das exportações e importações foi de apenas US$ 98,640 bilhões, uma redução de expressivos -18,43%.
Com uma queda nesses percentuais, se mantido esse cenário, pela primeira vez em muitos anos a participação brasileira no fluxo global de comércio exterior ficará abaixo de um inexpressivo 1,0%.
Na avaliação de José Augusto de Castro, os saldos de US$ 4,8 bilhões na balança comercial de abril e e US$ 13,2 bilhões de acumulado no primeiro quadrimestre seriam um alento, “mas sua origem na forte queda das importações não sinalizam melhoria. Pelo contrário”.
Em abril, as importações tiveram uma queda de- 28,3% e, no acumulado do ano, -29,6%. Por outro lado, as exportações registraram uma alta quase imperceptível de +1,4% em abril e queda de -3,4% no acumulado do ano.