Da Redação
Brasília – Dados da balança comercial brasileira de janeiro a setembro divulgados na sexta-feira (4) pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Secex/MDIC) mostram uma queda acentuada no superávit comercial do Brasil em relação ao seu maior parceiro, a China.
Nos nove primeiros meses do ano, a exportações brasileiras tiveram uma ligeira alta de 1,9% para US$ 69,260 bilhões, enquanto as importações de produtos chineses cresceram 16,7%, somando US$ 40,539 bilhões. Com isso, a corrente comercial (exportações+importações) totalizou US$ 109,98 bilhões, gerando um superávit em favor do Brasil de US$ 28,721 bilhões.
Mas, considerado isoladamente o mês de setembro, as exportações para a China, Hong Kong e Macau tiveram uma retração de 20,4% e totalizaram US$ 7,71 bilhões.
Faltando apenas três meses para o encerramento de 2024, é possível antecipar que neste ano o Brasil ficará distante de repetir o superávit de US$ 51,149 bilhões registrado em 2023. No ano passado, as exportações brasileiras totalizaram US$ 104,315 bilhões (alta de 16,7% comparativamente com 2022) e as importações chegaram a US$ 53,176 bilhões, queda de 12,5% em relação ao ano anterior. A corrente de comércio entre os dois países totalizou US$ 157,501 bilhões, com uma alta de 4,9% em relação ao ano de 2022.
E as estimativas para o último trimestre deste no não são animadoras. Em nível internacional, especialistas em comércio exterior destacam que com uma expansão menor da economia chinesa e uma população envelhecida, surgem dúvidas sobre a capacidade de o país impulsionar o crescimento da demanda global de produtos agrícolas.
Assim, não é por acaso que as exportações de cevada da França tiveram queda expressiva e, em relação à safra de milho iniciada em setembro, os Estados Unidos venderam apenas 13.400 toneladas para entrega à China, contra mais de 564.000 toneladas no ano anterior. Na safra 2023-24, essas exportações caíram 63% e a queda na nova colheita deverá ser ainda maior.
Agro apreensivo com retração das importações chinesas
Em relação ao Brasil, os dados de janeiro a setembro mostram uma retração de 12% nas exportações de soja em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita obtida com os embarques da oleaginosa totalizaram US$ 28,5 bilhões, ou seja, US$ 3,8 bilhões a menos que o valor registrado de janeiro a setembro de 2023.
Se os números contabilizados em 2024 já são preocupantes, a apreensão no agronegócio brasileiro só tende a crescer. Especialmente se na próxima safra a China não retomar as importações da oleaginosa nos padrões que vigoraram até o ano passado, o que é pouco provável que aconteça. Mesmo com a retração de 12%, a soja foi o principal item da pauta exportadora para o país asiático, respondendo por 37% de toda a exportação brasileira para seu maior parceiro comercial.
Integrada principalmente por commodities (soja, petróleo e minério de ferro responderam por 78% de todo o volume exportado para os chineses) a pauta exportadora brasileira segue concentrada praticamente nos mesmos produtos de sempre, sem a inclusão de nenhum produto industrializado, de maior valor agregado.
De janeiro a setembro, além da soja, os principais bens embarcados para a China foram petróleo (US$ 16,3 bilhões, alta de 14,5% e participação de 21% no total exportado); minérios de ferro (US$ 15,4 bilhões, alta de 12,7% correspondentes a 20% das exportações totais); carne bovina (US$ 4,1 bilhão, queda de 1,096% e participação de 5,4%); e celulose (receita de US$ 3,2 bilhões, aumento de 12,8% e participação de 42%).
No tocante às importações, o grande destaque da balança comercial sino-brasileira foi a ascensão dos automóveis de passageiros ao posto de segundo principal item exportado pelos chineses ao Brasil. No ano, essas vendas acumulam uma alta de 428% (e mais de US$ 2,8 bilhões faturados a mais nos primeiros nove meses do ano, comparativamente com igual período de 2023), gerando uma receita de US$ 2,9 bilhões. Com isso, os automóveis já respondem por 6,2% de toda a pautal negociada pela China com o Brasil.
Outros destaques nas exportações chinesas foram válvulas e tubos termiônicas (U$ 3,5 bilhões); equipamentos de telecomunicações (US$ 2,5 bilhões); demais produtos da indústria de transformação (US$ 2,2 bilhões); compostos organo-inorgânicos, compostos heterocíclicos (US$ 1,9 bilhão).