Superávit com a Argentina cresce 205% no primeiro quadrimestre, apesar dos entraves ao comércio

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Da Redação

Brasília – Apesar das reclamações provenientes tanto do governo quanto do empresariado brasileiros, a Argentina continua sendo não apenas o terceiro maior parceiro comercial do País como vê crescer de forma expressiva o superávit acumulado pelo Brasil no comércio bilateral. Entre os meses de janeiro e abril, o saldo favorável ao Brasil aumentou 205% para US$ 281 milhões, comparativamente com igual período do ano passado. Nos últimos três anos, a balança comercial entre os dois países proporcionou ao Brasil saldo superior a US$ 10,4 bilhões.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), no primeiro quadrimestre deste ano as exportações brasileiras para a Argentina totalizaram US$ 4,838 bilhões (contra US$ 5,852 bilhões em igual período de 2013). No mesmo período, as vendas argentinas somaram US$ 4,557 bilhões (US$ 5,760 bilhões em 2013). Em todo o ano passado, o Brasil exportou para a Argentina produtos no valor total de US$ 19,615 bilhões e importou um total de US$ 16, 463 bilhões do país vizinho.

A forte crise econômica que afeta a economia argentina leva o governo portenho a colocar em prática uma série de medidas classificadas pelas autoridades e empresários brasileiros como “protecionistas” e “restritivas” ao comércio bilateral e fazem com que os dois países se distanciem cada vez mais dos expressivos números registrados no comércio bilateral em 2011, quando o intercâmbio argentino-brasileiro totalizou, nos dois sentidos, a cifra recorde de US$ 39,616 bilhões. Naquele ano, as exportações brasileiras somaram US$ 22,7 bilhões enquanto as vendas argentinas ao Brasil alcançaram US$ 16,9 bilhões. A balança foi superavitária para o Brasil  em US$ 5,803 bilhões.

Apesar de os números gerais apresentarem forte queda, a Argentina continua sendo o terceiro principal destino das vendas brasileiras ao exterior. O país vizinho é, também, um dos maiores mercados para os produtos industrializados brasileiros.

Mesmo com as restrições impostas pelo governo da presidente  Cristina Kirchner, nenhum outro país comprou tantos automóveis brasileiros quanto a Argentina nos últimos quatro meses: US$ 1,001 bilhão foi o faturamento obtido pelas montadoras brasileiras através das exportações ao país vizinho.

A pauta exportadora para a Argentina tem ainda entre os destaques chassis com motor diesel e cabina (US$ 129 milhões), tratores rodoviários para semi-reboques (US$ 97 milhões), outras partes e acessórios de carroçarias para automóveis (US$ 94 milhões), outros motores de explosão para veículos (US$ 75 milhões), alumina calcinada (US$ 72 milhões) e eixos de transmissão com diferencial para automoveis (US$ 71 milhões).

Da mesma forma, as exportações argentinas para o Brasil tiveram uma forte participação dos automóveis, o principal item da pauta dos portenhos no comércio bilateral. De janeiro a abril deste ano, a Argentina exportou US$ 1,952 milhão em automóveis para o mercado brasileiro. A pauta contou ainda com a participação de trigos e misturas de trigo (US$ 225 milhões), nafta para petroquímica (US$ 133 milhões) e malte não torrado (US$ 101 milhões).

Concorrência chinesa

 

Não bastassem as barreiras e restrições impostas pela Argentina à entrada, em seu mercado, de produtos exportados pelo Brasil (calçados são um dos itens mais afetados), os exportadores brasileiros ainda têm que enfrentar a pesada e cada vez mais difícil concorrência da China, que se faz cada vez mais presente não apenas na Argentina mas em diversos outros países latino-americanos que tradicionalmente foram clientes quase cativos da indústria brasileira.

Entre o ano de 2005 e o primeiro bimestre de 2014, a participação da China nas importações argentinas deu um salto exponencial: passou de 5,3% para 18,4% e a tendência é de acelerar ainda mais esse crescimento. Em contrapartida, no mesmo período, o Brasil saiu de confortáveis 36,4% para preocupantes 24,9%. Ano passado essa participação foi de 26,5%. Os dados constam de estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

De acordo com o estudo, dos dez setores que mais exportam para a Argentina, nove apresentaram forte retração nas vendas desde 2011, ano em que o Brasil estabeleceu o recorde de exportação para os argentinos, com vendas de US$ 22,7 bilhões. Caso o Brasil tivesse mantido ano passado a participação que tinha no mercado argentino em 2011, teria faturado US$ 2,2 bilhões a mais com as vendas externas em 2013.

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