Brasília – A opção por tecnologias mais sustentáveis favorece a manutenção e a melhoria das condições de cultivo, o que acaba retornando ao produtor em forma de produtividade. Essa foi uma das conclusões do estudo “Análise financeira de modelos típicos de produção com e sem adoção de práticas de baixo carbono”, realizado pelo engenheiro agrônomo, Ernani do Espírito Santo, contratado pelo grupo de trabalho formado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Ministério da Agricultura e Embrapa.
De acordo com o levantamento, o aumento de produtividade ocorre na medida em que se aumenta o nível tecnológico. Na cultura da soja, por exemplo, a produtividade no sistema de integração foi 8% maior do que o cultivo do grão no plantio direto e 30% maior do que no sistema convencional.
“Com este trabalho pode ser notado que a aplicação das técnicas de produção de agricultura de baixo carbono, além de contribuir para um sistema de produção mais sustentável e que beneficia as condições de solo e água da propriedade, traz também benefícios financeiros”, destaca o assessor técnico do Departamento de Educação Profissional e Promoção Social (DEPPS) do Senar, Mateus Moraes Tavares.
O estudo busca fundamentar financeiramente o Projeto Agricultura de Baixo Carbono (ABC) que está em fase de elaboração. Para tanto, foi analisada a viabilidade econômica das tecnologias inseridas no projeto (plantio direto, recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta e florestas plantadas), fundamentadas em premissas que partiram de três situações de áreas produtivas encontradas em propriedades do bioma cerrado: pastagens com alta degradação, pastagens que apresentam degradação de fertilidade e áreas de lavoura de plantio convencional de milho e soja (com fixação biológica de nitrogênio).
Numa das simulações, aponta Tavares, ficou comprovado que quando se introduz o sistema de plantio direto em uma pastagem que apresenta degradação de fertilidade, obtém-se um retorno do investimento de 10,40%, isto é, para cada R$ 1 investido, o ganho é de R$ 1,10.
Mas o assessor técnico do DEPPS, Rafael Nascimento da Costa, alerta para um detalhe fundamental: a aplicação dessas tecnologias deve ocorrer de maneira integrada com todo o sistema de produção da fazenda. Um exemplo disso, indica ele, é a tecnologia de recuperação de pastagens utilizada juntamente com o sistema de plantio direto, que mostrou ser mais econômica do que a recuperação de pastagens de forma convencional, apresentando uma economia de R$ 61,44 por hectare.
Outro caso é a aplicação da técnica de integração lavoura-pecuária-floresta em áreas de milho e soja (com fixação biológica de nitrogênio), onde o retorno econômico foi de 15,48%. “Quanto mais se integra o sistema, quanto mais aplicamos essas tecnologias e mais nos preocupamos em conservar as condições de solo e água da propriedade, maior será o seu potencial de resposta e, consequentemente, o seu retorno financeiro”, declara.
Confira o estudo na íntegra através do link:
http://www.senar.org.br/sites/default/files/projetoabc_1.pdf
Projeto ABC
Ação conjunta do Senar, do Ministério da Agricultura e da Embrapa, o Projeto ABC pretende incentivar e difundir a adoção de práticas sustentáveis para a redução das emissões de gases de efeito estufa e sensibilizar o produtor para que ele invista na sua propriedade de forma a ter retorno econômico mantendo o meio ambiente preservado. O SENAR será responsável pela capacitação nas tecnologias, formação profissional e pela assessoria em campo, com recursos do Programa de Investimentos em Florestas (FIP, sigla em inglês) – via Banco Mundial –, que já encaminhou parte do recurso destinado à preparação do projeto.
O ABC vai atender nove estados do Bioma Cerrado (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí, Minas Gerais e o Distrito Federal), num período de três anos, com a promoção de quatro processos tecnológicos: recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, sistema de plantio direto e florestas plantadas.
O projeto prevê a realização de seminários de sensibilização e divulgação nos estados participantes, capacitação tecnológica de produtores e gerentes de propriedades e instrutores do Senar e, ainda, treinamento dos técnicos que atuarão na assessoria em campo para os produtores. Ao todo, 900 propriedades serão atendidas nos projetos piloto a serem implementados em Minas Gerais, Goiás e Tocantins. Esses estabelecimentos terão o compromisso de executar uma das tecnologias aprendidas e serão transformadas em cases de estudo e vitrines tecnológicas.
Fonte: Assessoria de Comunicação do Senar