Sandro Marin, CEO da Tek Trade International. Crédito da foto: Acioni Cassaniga.

SC tem o maior déficit no comércio exterior dos estados; CEO vê motivo de orgulho

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Da Redação

Brasília – Santa Catarina registrou em 2023 o maior déficit na balança comercial entre as 27 unidades federativas brasileiras, com um saldo negativo de US$ 17,2 bilhões. No período, as exportações catarinenses totalizaram US$ 11,5 bilhões (a nona maior cifra do período entre os estados), enquanto as importações somaram US$ 28,7 bilhões, as maiores realizadas entre todos os estados brasileiros no ano passado. A corrente de comércio (exportação+importação) caiu 1,5% para US$ 40,3 bilhões. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Um déficit dessa magnitude foi considerado “uma questão de orgulho” por Sandro Marin, CEO da Tek Trade International, uma empresa comercial importadora e exportadora sediada em Balneário Camboriú (SC)

Ele destaca que “a nossa importação é maior em função do menor custo que o brasileiro paga para importar e usar os portos catarinenses. Se temos um número mais significativo na importação, isso se deve a uma série de fatores que fazem com que os produtos importados que passam pelo estado acabam tendo um custo um pouco menor e esse número se reflete nas gôndolas em vários pontos do país. É o que acontece na importação de pneus, tintas e outros produtos que desembarcam nos portos catarinenses e são levados aos outros estados, beneficiando a todos os brasileiros”.

O executivo sublinha que Santa Catarina tem uma vocação natural de ser muito eficiente no comércio exterior por contar com uma sólida base de exportação de produtos como as carnes congeladas. Por sediar, há muitos anos, grandes empresas como Sadia, Seara, JBS, instaladas no Oeste catarinense, o estado sempre foi um grande exportador de carnes para o mundo inteiro.

Santa Catarina conta também com grandes empresas como a Embraco, fabricante de compressores para refrigeradores, que pertencia à multinacional americana Whirlpool e foi adquirida pela japonesa Nidec Corporation: a Tupi, referência em usinagem industrial; e a WEG, multinacional catarinense presente nos cinco continentes.

À presença desses grandes conglomerados somou-se o fato de que há cerca de 20 anos, o governo catarinense lançou um inovador programa de redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) voltado para a importação. O objetivo era atrair para Santa Catarina importações que iriam naturalmente para o Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo e que migraram para o estado atraídas pela redução do ICMS.

Na percepção de Sandro Marin, esse corte no tributo permitiu que diversos produtos chegassem aos mais diversos pontos do território nacional graças a uma iniciativa do governo catarinense e à ação de um número expressivo de empresas importadoras sediadas no estado, que se encarregam das operações de importação. Nacionalizados em Santa Catarina, esses produtos seguem para muitos pontos de vendas em todo o país a preços bastante competitivos.

Além disso, o estado conta com cinco portos modernos, três deles voltados a contêineres (Itapoá, Navegantes e Itajaí) e dois portos focados nas cargas soltas (Imbituba e São Francisco). São portos bastante eficientes, sobretudo na movimentação de contêineres por hora e por tonelada hora. Adicionalmente, o executivo da Tek Trade afirma que “o estado tem uma aduana bastante eficiente em termos de prazos de canais verde, amarelo e vermelho, o que permite a Santa Catarina satisfazer a esses importadores em termos de custos, contribuindo para o fortalecimento do comércio exterior catarinense”.

Também contribuem para o fortalecimento do comércio exterior catarinense uma sólida infraestrutura integrada por cinco portos modernos e eficientes, uma malha rodoviária bem equipada, entre outros fatores que fazem de Santa Catarina “um estado muito eficiente em termos logísticos e, principalmente, na velocidade com que os produtos vindos de fora são nacionalizados aqui”, conforme atesta Sandro Marin.

Outro impulsionador do comércio externo de Santa Catarina é o  Sindicato das Empresas de Comércio Exterior (Sinditrade), presidido por Rogério Marin desde a sua fundação e que hoje conta com a filiação de 130 das maiores empresas importadoras e exportadoras do estado com atuação intensiva em apoio aos importadores e exportadores instalados no estado.

Números que impressionam

Apesar de registrarem uma ligeira queda comparativamente com 2022, em 2023, o comércio exterior de Santa Catarina apresentou números expressivos. Mesmo com uma retração de 3,3%, as exportações somaram US$ 11,5 bilhões (3,44% das importações totais brasileiras) enquanto as importações totalizaram US$ 28,7 bilhões (queda de 0,7%);

Carnes de aves e suínas lideraram a pauta exportadora catarinense, com vendas, respectivamente, de US$ 1,95 bilhão e US$ 1,48 bilhão. Em conjunto, essas proteínas responderam por 30% do total embarcado pelas empresas do estado para o exterior. Outros destaques nas exportações foram soja (US$ 816 milhões); geradores elétricos giratórios (US$ 599 milhões); e motores de pistão (US$ 591 milhões).

As importações catarinenses tiveram como destaques produtos manufaturados, de maior valor agregado. São eles: demais produtos da indústria de transformação (US$ 1,36 bilhão); cobre (US$ 1,14 bilhão); válvulas e tubos termiônicas (US$ 958 milhões); adubos e fertilizantes (US$ 815 milhões); e pneus de borracha (US$ 745 milhões).

A China foi o principal parceiro comercial do estado nas exportações e importações. Nas vendas externas, os chineses aparecem ao lado dos Estados Unidos. Ambos importaram produtos catarinenses no valor de US$ 1,16 bilhão. Entre os parceiros relevantes também aparecem a Argentina (US$ 815 milhões); México (US$ 692 milhões); e Chile (US$ 582 milhões).

Com uma fatia de 40,8% das importações totais catarinenses, a China foi, com ampla margem de folga, o principal exportador para o estado, com um total de US$ 11,7 bilhões. Na sequência vieram os Estados Unidos (US$ 2,1 bilhões e participação de 7,26%), Chile (US$ 1,80 bilhão e 6,25% de participação); Argentina (US$ 1,58 bilhão e uma parcela de 5,49%); e Alemanha (US$ 1,27 bilhão, equivalentes a 4,4% de todo o volume importado por Santa Catarina no ano passado.

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