Da Redação
Brasília – A Rússia é um dos oito países considerados prioritários pela Abrafrutas na estratégia do Projeto Setorial a ser encaminhado à Agência de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) visando conquistar novos mercados para as frutas frescas brasileiras no exterior. De acordo com o texto do Projeto, trata-se de um país com alto consumo e baixa produtividade de frutas, com uma população de alto poder aquisitivo e grande potencial para ampliar as compras de frutas brasileiras.
Na opinião de José Eduardo Brandão Costa (Diretor Executivo da Abrafrutas), “a Rússia merece atenção especial e por isso integra, juntamente com a Alemanha, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Estados Unidos, França, Hong Kong e Reino Unido a relação dos mercados a serem validados com a unidade de inteligência comercial da Apex-Brasil. Por isso, entre as ações a serem implementadas nos próximos dois anos, a Abrafrutas incluiu a participação na World Food Moscou 2016, entre outras iniciativas voltada para aquele país”.
A decisão de realizar esforços visando aumentar as exportações para a Rússia se deve especialmente ao fato de que Moscou decidiu, recentemente, embargar as importações de frutas e hortaliças dos países-membros da União Europeia (seu principal fornecedor) e também dos Estados Unidos, entre outros países. O embargo abriu também grandes possibilidades de exportações de carnes suína, bovina e de frangos, que já vêm sendo exploradas pelos grandes exportadores brasileiros, além de queijos e laticínios. A janela de oportunidades para as vendas de frutas é igualmente expressiva.
Segundo Anton Pisarenko (Chefe-Adjunto do Escritório Comercial da Rússia em Brasília), “em 2013, a Rússia importou 6,19 milhões de toneladas métricas de frutas, no valor de US$ 6,26 bilhões. Essas importações envolveram principalmente cítricos, 26,4% do total e compras de 1,63 milhão de toneladas; bananas, com participação da ordem de 21,4% e 1,324 milhão de toneladas; e maçãs, 21,3% de todo o volume importado e 1,32 milhões de toneladas adquiridas no mercado externo”.
Anton Pisarenko cita os efeitos gerados pelo embargo nas importações de frutas pela Rússia: “nada menos que 70% das importações de maçãs tiveram que ser substituídas, num total de 875 toneladas. Em relação a peras, a substituição de fornecedores envolve de 50% a 60% do volume importado, algo em torno de 200 toneladas, e no tocante a pêssegos e nectarinas a Rússia busca novos fornecedores para outras 200 toneladas, cerca de 70% a 75% de todo o volume importado pelo país”.
De acordo com o diplomata russo, “o embargo abriu ainda novas e promissoras possibilidades para o fornecimento de maçãs, uvas de fim de estação, berries, castanhas e frutas de caroço, entre outras variedades”.
Mais que isso, o embargo abre perspectivas de o Brasil aumentar sua participação no abastecimento do mercado russo de frutas. Hoje, apenas dois itens, mangas e melões, têm o Brasil como maior fornecedor da Rússia. Ano passado, as exportações de mangas, em torno de 6 mil toneladas, geraram uma receita de US$ 95 milhões e as exportações de melão totalizaram 2,305 toneladas e somaram US$ 3,066 milhão. Além disso, o Brasil é o sexto fornecedor de limões e lima da Pérsia (US$ 3 milhões e 2,680 toneladas métricas) e também ocupa a sexta posição entre os principais fornecedores de abacates, com a exportação de 204 toneladas da fruta e uma receita de US$ 329.475.
Na avaliação do diplomata, o mercado da Rússia oferece grandes oportunidades de negócios para os produtores e exportadores de frutas do Brasil. Ainda assim, Anton Pisarenko ressalta que algumas particularidades devem ser levadas em conta pelos empresários que buscam exportar para o seu país: “é preciso considerar que a Rússia tem um complicado sistema regulatório das importações, além de intrincados procedimentos alfandegários. Os procedimentos podem variar de acordo com os escritórios alfandegários ou devido aos arranjos das companhias individualmente. Além disso, é importante obter todos os documentos junto ao importador em particular e é indispensável fornecer ao parceiro russo os rascunhos dos documentos antes de proceder ao embarque dos bens a serem exportados”.